Docentes da Uniara falam sobre fisioterapia e práticas integrativas

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Profissão tem mudado, com maior abrangência no leque de atuações, segundo Carlos Roberto Grazziano e Jussara de Oliveira

A fisioterapia sempre foi vista pela sociedade e por alguns profissionais da área de saúde apenas como uma opção para reabilitação de pacientes, com atenção em níveis secundário e terciário somente, de acordo com o coordenador do curso de Fisioterapia da Universidade de Araraquara – Uniara, Carlos Roberto Grazziano. Entretanto, ele e a professora da graduação, Jussara de Oliveira, apontam que isso tem mudado por conta das práticas integrativas, com maior abrangência no leque de atuações da profissão.

“Com as novas diretrizes curriculares que estão para sair, o que o Ministério da Saúde – MS já tem sinalizado é que nós, fisioterapeutas, precisamos deixar essa ideia de que somos apenas reabilitadores e curadores, para que sejamos inseridos em um outro contexto no qual a fisioterapia praticamente nem atuava, que é a atenção básica. A ideia do MS, portanto, é que todo profissional tenha conhecimento para atuar nela”, explica Grazziano.

Oliveira ressalta que se trata do cuidado à pessoa e que, portanto, “seguindo os princípios do Sistema Único de Saúde – SUS nesse cuidado de uma forma integral – o Princípio da Integralidade -, além de tratarmos e recuperarmos, também fazemos ações de promoção à saúde para que essa coletividade saiba como se cuidar, para que tenha melhores hábitos de vida”. “Não é só a ausência de doença, mas também a atuação na prevenção dos agravos de outras patologias. Isso é muito relevante”, comenta.

Grazziano reforça que, há décadas, só se procurava um médico ou um profissional da saúde se a pessoa estivesse doente. “Ela iria parar no nível de atenção secundário ou terciário, porém, o MS, com a introdução do SUS, já tinha a ideia de trabalhar a prevenção, mas isso nunca foi feito de forma efetiva, então, nos últimos anos, o governo está estimulando as faculdades de cursos de saúde a interagirem com o sistema primário”, esclarece.

Dessa forma, a fisioterapia está sendo estimulada para mostrar aos alunos essa atuação mais abrangente, segundo Oliveira. “Também deve-se salientar, dentro do SUS, o Princípio de Resolubilidade: a princípio, a atenção básica deve resolver cerca de 80% das demandas no SUS para que só 15% chegue à média complexidade, e 5% à alta complexidade, ou seja, uma cirurgia ou um procedimento de mais alto custo como uma hemodiálise ou uma oncologia. A atenção básica é uma estratégia primordial atualmente, dentro do SUS”, salienta.

A questão da fitoterapia ou da acupuntura, por exemplo, está voltando ao SUS “porque os males, sejam físicos ou mentais, vão desencadear dor, e vamos tentar entender, tratar e amenizar essa dor na base, de modo que não vamos deixar esse paciente chegar a um quadro mental muito severo para poder atuar nele”, de acordo com Grazziano.

Oliveira lembra que a Política Nacional de Práticas Integrativas tem diretrizes específicas dentro da acupuntura, da homeopatia, da fitoterapia, do termalismo social “e de uma parte específica, que é a medicina antropozófica”. “Ela foi crescendo e sendo desenvolvida e, atualmente, temos um rol específico de práticas integrativas no SUS, como aromaterapia, apiterapia, reiki, shantala, osteopatia, meditação e yoga, então, são procedimentos referendados dentro do SUS”, detalha.

Os docentes comentam que, nesse contexto de Práticas Integrativas, a egressa da primeira turma do curso de Fisioterapia da universidade, Natalia de Freitas Guerreiro Ferreira, teve, recentemente, um trabalho de yoga e meditação online, realizado durante a pandemia com a terceira idade, selecionado como prática exitosa na 8ª edição do Mapeamento de Experiências Exitosas de Gestão Pública no Campo do Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa – 2020/2021.

“Esse mapeamento é uma iniciativa que integra a agenda anual da Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa, do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, da Secretaria de Atenção Primária à Saúde – COSAPI/DAPES/SAPS, do Ministério da Saúde, realizada em parceria com o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz – ICICT/Fiocruz”, detalha Ferreira.

Com a necessidade de se manter o isolamento e o distanciamento social, ela menciona que foi preciso se apropriar do conhecimento de tecnologias digitais “e, com ele, orientar a população, trazer informações claras, baseadas em evidências, bem como ofertar serviços e, assim, contribuir para que essa população tivesse acesso ao cuidado, sem que houvesse necessidade de sair de suas casas e se expor ao risco de contaminação”.

Com formação em yoga, a ex-aluna realizou o projeto online “três vezes por semana, ao longo de toda a pandemia, por meio da plataforma Zoom, onde acolhia o grupo e orientava as práticas corporais e os exercícios de respiração”.

Oliveira coloca que Ferreira realizou a iniciativa “com todo o embasamento que teve da formação em fisioterapia, exercendo a sua profissão e seguindo todo um referenciamento do MS, dentro do SUS, implantando dentro da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, ou seja, nesse cuidado ao idoso, exerceu essas práticas integrativas e complementares”.

A yoga, a meditação, a acupuntura e outras práticas já estão inseridas no SUS “porque existem resultados comprovados”. “A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, dentro do SUS, é o que chamamos de política transversal, então é muito exercida na atenção básica, mas também na média e na alta complexidades, ou seja, nos hospitais”, explica a docente.

Segundo Oliveira, isso é um diferencial da egressa, “e é muito gratificante nesse sentido, pelo benefício que leva às pessoas, por meio da atenção primária”. “Na atenção básica, ela está inferindo essas ações de promoção em saúde, prevenção de agravo, deformidade e outras doenças que as pessoas podem apresentar. Nossa população tem cada vez mais idosos, e mais comprometidos. Atuando com a promoção em saúde e prevenção, vamos evitar muitas complicações, deformidades e comorbidades”, salienta.

Grazianno reforça que Ferreira conseguiu elaborar uma estratégia de atuação dentro de um período de pandemia que durou dois anos, “no qual as pessoas ficaram praticamente isoladas, com a saúde mental comprometida”. “Ela é chancelada pela Fiocruz e recebeu uma menção. Não ficou esperando: já propôs a metodologia dentro do conhecimento científico que já possuía, e a aplicou. E isso vale não somente para o fisioterapeuta, mas para todos os profissionais da área da saúde que, hoje, podem atuar no SUS com áreas afins. Então o SUS está vendo o profissional de saúde não apenas como aquele que vai tratar do problema já instalado: agora, esse profissional vai cuidar desde a base”, finaliza.

Informações sobre o curso de Fisioterapia da Uniara podem ser obtidas no endereço www.uniara.com.br ou pelo telefone 0800 55 65 88. (Assessoria de Imprensa – [email protected])

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