Agência Estado
Dieese apura queda no preço da cesta básica em 12 capitaisPor Francisco Carlos de Assis e Célia FroufeSão Paulo, 4 (AE) – O preço dos alimentos caiu em junho em 12 das 16 capitais do País nas quais o Dieese realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica. O resultado ratifica as variações negativas dos alimentos mostradas pelos indicadores de preços ao consumidor ao longo do mês passado. Em maio, por exemplo, o preço da cesta básica subiu em todas as capitais que compõem a pesquisa.Em junho as altas concentraram-se na Região Nordeste. Em Aracaju, os alimentos de primeira necessidade foram reajustados em 3,06%, em média. Na cidade de João Pessoa, a alta foi de 3%; em Fortaleza, de 1,96% e, em Recife, de 1,01%. Um fato que mereceu destaque do Dieese é que os aumentos ocorreram apenas nas localidades onde o preço do tomate subiu. Dentre as cidades onde o custo da cesta caiu, os movimentos mais expressivos foram verificados em Brasília (-7,37%), Belo Horizonte (-6,81%) e Belém (-5,08). São Paulo voltou a apresentar em junho a cesta básica mais cara do País entre as 16 capitais pesquisadas pelo Dieese. Em maio, o posto era de Porto Alegre. Com recuo de 3,74% nos preços em junho, a cesta da capital gaúcha passou a custar R$ 182,05, enquanto o preço em São Paulo foi de R$ 183,14 – valor 2,91% inferior ao de maio. As duas localidades, porém, são bem mais caras que a terceira colocada, Brasília, onde a cesta custou R$ 173,01. Os menores valores foram verificados em Salvador (R$ 136,95) e Natal (R$ 139,74). SALÁRIO MÍNIMOTomando como base o preço da cesta paulistana, o Dieese estima que o salário mínimo em junho deveria ter sido de R$ 1.538,06. Este valor , 5,12 vezes maior que o piso vigente, seria o ideal para suprir as necessidades de uma família com dois adultos e duas crianças com alimentação, moradia, transportes, educação, vestuário, higiene, saúde, lazer e previdência.Em maio, o mínimo estimado pelo Dieese era de R$ 1.588,80, mas, como o valor dos alimentos recuou, o piso salarial, segundo os cálculos do Dieese, também caiu. Há um ano, o salário ideal era quase o mesmo estimado para junho. Era de R$ 1.538,06, valor 5,9 vezes maior que mínimo de R$ 260,00 vigente à época. No acumulado do ano, o preço da cesta básica subiu em todas as 16 capitais. As maiores altas ocorreram em Recife (20,69%), Fortaleza (16,41%) e João Pessoa (14,20%). Os menores aumentos foram apurados em Brasília (2,54%), Belém (2,78%) Rio de Janeiro (4,16%) e Porto Alegre (4,18%). Nos últimos 12 meses encerrados em junho, três cidades apresentaram variação acumulada negativa. Em Natal a queda foi de 0,11%; em Curitiba, de 0,32% e, em Porto Alegre, a deflação foi de 0,56%. A queda no custo da cesta básica na maior parte das capitais significa uma redução em três horas, em média, no tempo de trabalho necessário para sua aquisição. Para pagar a cesta de junho, o trabalhador precisou de 116 horas e 49 minutos. Em maio o preço da cesta correspondia a 119 horas e 54 minutos.A jornada necessária também é bem inferior à exigida em junho de 2004, quando somava 130 horas e 34 minutos. A mesma comparação, segundo os técnicos do Dieese, pode ser feita para o salário mínimo líquido. Em junho, a parcela comprometida com a compra da cesta era de 57,50%, enquanto em maio correspondia a 59,01%. Há um ano este comprometimento chegava a 64,27%.