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Desvilanizar a construção civil

José Renato Nalini (*)

A construção civil é uma das vilãs do aquecimento global. As mudanças climáticas exigem postura consequente por parte de todos, principalmente das empresas e conglomerados que continuam a exercer atividades poluentes. O uso de madeira é uma das alternativas para reduzir a pegada de carbono, que existe desde a fabricação de cimento, deriva da obra pronta e persiste no desperdício de material, que ainda é grande.

Hoje, a construção de madeira começa antes do canteiro de obras. Fabricam-se placas de madeira e a operação final é o encaixe das peças, o que torna muito mais rápida a entrega. O Brasil é rico em madeiras e a tecnologia consegue o tratamento prévio, para eliminar o receio de cupins, fungos e também para evitar a combustão.

A Europa, sempre mais à frente, incentiva a edificação com madeira, pois leva a sério a descarbonização. Em Suzano, há uma obra residencial multipavimentos em madeira, chamada Aurora 275. É um prédio híbrido com dez apartamentos em seis pavimentos e 22,5 metros de altura. Usou madeira engenheirada, isto é, peças maciças feitas a partir de camadas de madeira colada industrialmente.

A vantagem é que essa edificação é carbono negativo, já que a madeira substitui o concreto. Aos poucos, a consciência atinge setores diversificados, como um centro de treinamento de futebol e parte da nova obra do aeroporto de Ribeirão Preto. Ainda estamos trinta anos atrasados em relação ao mercado europeu.

Com arquitetos criativos, que seguem a linha dos grandes nomes brasileiros, como Oscar Niemayer, Villanova Artigas, Jean Maitrejean e tantos outros, seria interessante que a poderosa empresa da construção civil olhasse com bons olhos essa nova perspectiva, para melhorar a reputação de um setor que contribui para o agravamento das emergências climáticas nas grandes conurbações.

As Faculdades de Arquitetura precisam explorar esse nicho e os mais abonados, que podem favorecer essa mudança de rumo, deveriam dar exemplo, encomendando projetos para edificação em madeira. Seria um ganha-ganha para todos, principalmente para o sofrido ambiente urbano.

(*) É Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.

Foto Ilustrativa – Imagem de jcomp no Freepik

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