“Depois de uma certa idade, o que a gente quer mesmo é ficar em paz”, analisa neurocientista e psicanalista

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Dr. Fabiano de Abreu

Encarar a velhice como um período de recompensa, em vez de estagnação, e entender que é possível parar e relaxar antes de se tornar idoso é encarado como algo necessário na opinião do PhD, neurocientista, filósofo e psicanalista Dr. Fabiano de Abreu

Nosso cotidiano é uma interminável lista de afazeres que precisam ser cumpridos. A rotina de pendências começa cedo, com pouca idade já estamos cheios de obrigações. A partir desta premissa, o psicanalista, doutor em neurociências e filósofo Dr. Fabiano de Abreu analisa a necessidade de diminuir o ritmo em certo momento da vida. O famoso ócio criativo está em voga e é crucial não só para a saúde física, mas também para aproveitar a vida de forma ampla. Fabiano alerta que a sobrecarga de tarefas tem começado cada vez mais cedo, já na infância. “O nosso cérebro ainda nem se formou em toda a sua plenitude e a rotina escolar já nos brinda com a sua cobrança”, destaca o cientista.

A obrigação de executar as tarefas escolares é seguida de outras rotinas e decisões estressantes que levam os jovens a tomarem caminhos dos quais poderão se arrepender depois. A escolha da profissão é o mais emblemático, tanto que não é incomum trocarem de curso na faculdade após perceberem que fizeram a escolha errada. Até que chega a hora de pensar na aposentadoria para garantir o descanso. “Muitos de nós, até bem pouco tempo, sonhavam com a aposentadoria, sonho esse que parece distante para milhares de pessoas hoje em dia. A verdade é que todos sonham com o descanso merecido, todos buscam por um momento de paz em que a obrigatoriedade das tarefas não estará mais determinada”, destaca.

Não estar atrelado às pressões do dia a dia acaba se tornando distante e até utópico com a ideia de obter esta fase apenas na aposentadoria. No entanto, Fabiano ressalta a importância de não esperar os cabelos brancos para viver em paz. “Cheguei em uma fase da vida, que não sonho mais com a aposentadoria, quero viver em paz agora. Não aceito que preciso esperar a velhice para descansar”. As tarefas continuam, mas o psicanalista destaca que é necessário frear a ansiedade e saber determinar o que de fato é importante, assim, é possível canalizar a energia ao que for construtivo, “quando a vida e a rotina se mostram extenuantes, tento relembrar a mim mesmo que a vida não é feita apenas de obrigações e raros instantes de satisfação e paz”, relata. Além disso, aprender a contemplar o agora e o que foi conquistado é importante para não entrar em uma espiral de insatisfação, ansiedade e frustração. “Todos os dias dedico o meu tempo, meus pensamentos e movimentos em prol das minhas conquistas”, afirma.

A dica para conseguir aliviar as tensões é procurar o simples. “Eu, particularmente, sou uma pessoa muito voltada para a natureza e estar em contato com ela me transmite uma sensação de tranquilidade”. Desenvolver sentimentos como gratidão também contribuem, afinal, ser agradecido pelo que se tem gera satisfação. “Se pararmos para pensar, estamos vivendo uma época interessante na história da humanidade. Nos é exigido trabalho para sobreviver, mas se pensarmos friamente, a nossa qualidade de vida é bem superior à de outros tempos, pois temos mais chances de sobrevivência diante dos desafios que aparecerem em nossos caminhos”. Assim, ter momentos diários para diversão e contemplação são uma das formas de atingir a tão sonhada paz interior. (Créditos de: Cpah / Tomorrow Summit)

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