Dario lança “Crônicas da Terra”

O telegrafista da saudosa EFA, da Rádio PRD-4 e colaborador d’O Imparcial, Dario Gonçalves da Silva, enfoca alguns pontos que sustentaram a idéia de compilar as crônicas. Foi um belo lançamento, com a presença de muitos amigos. Dentre os quais, a escritora e colaboradora do J.A., Sarah Coelho que alinhavou os pontos citados.

J.A – A importância de publicar um livro, em sua fase mais sábia.

D.G.S – Em conversa com a escritora Sarah Coelho, tive a oportunidade de expressar a minha indizível alegria em publicar o meu livro “Crônicas da Terra”, uma vez que na minha idade Deus me deu forças para que isso acontecesse. Sou feliz por isso. Quando penso em parar, não fazer mais nada, então vem a triste lembrança das minhas três pontes de safena, daquele enfarte danado que exigiu demais de minha família e também do meu organismo, um tanto maduro, limitado.

Com a publicação do Crônicas da Terra, comecei uma vida nova, senti os meus amigos por perto, se abraçando, tendo estampado no rosto felicidade tão grande quanto a minha.

2- Quais os caminhos que fortaleceram o conteúdo do livro?

Morava na Rua Gonçalves Dias (1), nas proximidades da União Operária, onde existia uma biblioteca bem servida. Vivia influenciado pelos filmes de Tarzan e era para mim uma glória assistir a ação daquele atleta que liquidava sozinho todos os inimigos nas selvas africanas. Para me saciar e ficar bem informado sobre as aventuras que sempre gostei, comecei a ler Tarzan, passando por uma coleção inteira do homem-macaco. Desse momento em diante, comecei a me interessar também por outros livros como Os Três Mosqueteiros, O Conde de Monte Cristo, Ali Babá e os 40 ladrões. Peguei gosto pela leitura e, mesmo ainda muito jovem, sonhava em ser um dia um escritor, mesmo que para isso demorasse anos a fio para a realização desse sonho.

3- Todos temos capacidade para aprender, uns pouco interesse e outros muita força e energia. Por que tantas diferenças?

Creio que todos têm capacidade para aprender, desde que haja persistência, fé e perseverança. Os nossos caminhos de vivência são cheios de altos e baixos, alguns tão íngremes que chegam a balançar a nossa estrutura física, mental e espiritual. E isso pode nos causar desânimo, apavorante desânimo. Entretanto, o ser humano tem poderes para reagir e procurar na sua própria natureza meios para verificar e contornar os erros, as tristezas contraídas, lembranças amargas e safar-se airosamente das dificuldades. A pessoa que está cheia de bons pensamentos mostra energia e pensa: “Eu posso, eu quero”.Então vai para frente, ao passo que o que pensa: “Eu não posso”, fracassa.

4- O fracasso, a falta de ideal leva a problemas emocionais?

Todo indivíduo deve por si só fazer a sua escolha; ninguém pode escolher por outrem. Certo dia alguém se deu um conselho: “Tudo o que fizer, faze-o bem. Não há senão uma só e única maneira de fazer as coisas: é fazê-las. Escolha o seu fim e vá pelo caminho afora, derrubando todos os obstáculos que encontrar pela frente. Fuja do fracasso. Fuja dessa sua falta de ideal. Vença na vida e, para que isso aconteça, é preciso ter apenas um desejo fervoroso de vencer, conhecer verdadeiramente o seu “eu”, o seu “eu existo” pela graça do Criador. Fracasso, falta de ideal, problemas emocionais? Isso não existe em minha enciclopédia de vida.

5- Como é ser colaborador de jornal?

Ser realizado e feliz. Ao encontrar com meus companheiros do jornal, sinto-me alguém um tanto diferente, parece que o celebro cresce e avoluma com tantas notícias cheirando coisa nova, palpitante e de um colorido o mais esfuziante que se possa imaginar. Quando comecei a escrever para jornal, tive uma grande sensação de deslocamento, de achar-me sempre em lugar errado mas, com o tempo, tudo mudou de maneira saudável e benéfica para minha alma. Trabalhar ou melhor, colaborar como colunista é o mesmo que estar no seio de uma família. Abençoado lugar, o nosso querido O Imparcial que é dirigido pela Dona Cecília.

6- Como tornar seus minutos efetivamente preciosos?

Ter uma família maravilhosa: esposa, filhos, genros, nora, netos e bisnetas ao redor, com aquela alegria que somente eles sabem colocar no dia-a-dia da vovó e do vovô.

7- Como define as feridas, mágoas e ressentimentos: como cicatrizá-los?

É difícil mas não é impossível curar a ferida que foi aberta no coração de alguém, quando vítima de uma calúnia, de uma traição e outras aberrações expelidas por um cérebro poluído. Mas nada é impossível se recorremos ao poder da vontade e dizemos com convicção: “Eu quero perdoar. Eu quero e vou perdoar”.

8 – Sobre a importância da família

A família é o bem mais importante que o ser humano constrói, desde que ela seja unida, participativa e amorosa. Uma família única tanto na alegria quanto na dor é como ter um céu sem tempestade, é encontrar força no perdão, ser cada um verdadeiro artista da vida, pois ela é um espetáculo imperdível quando bem programada. Gostar, amar a nossa família é como estar recebendo constantemente as bênçãos de Deus.

9- Em nossa cultura, os idosos não são devidamente respeitados.

Não gosto de entrar em polêmica sobre esse assunto. Entretanto, dói lá dentro da alma quando vemos idosos andando sem destino e dormindo ao relento, com rosto triste e olhar quase se apagando na nebulosidade dos anos. Falar sobre o idoso, por que se ele quase não existe mais no calendário universal? Que digam alguma coisa esses políticos sobre seus vencimentos que deverão ser aumentados vergonhosamente e comparem suas vidas de nababo com a dos velhinhos andantes e os aposentados com o achatamento de seus míseros vencimentos. Coitado do Brasil com essa gente solta por ai… pobre dos aposentados.

10- Uma mensagem aos jovens

Segura na mão de Deus, queridos jovens de nossa Araraquara.

Não malbarate o seu tempo a fantasiar tolices, deixe de freqüentar assiduamente os lugares onde a bebida alcoólica está sendo consumida doidamente e o cigarro soltando fumaça em grandes espirais, formando um ambiente de perigo, não só para a saúde como também para a formação de uma moral sólida. O cigarro, então, é consumido de maneira criminosa, pois o fumante não se importa com o lugar nem com quem está por perto. Certa ocasião, quando entrei em um bar para comprar guaraná, ouvi de um dos seus freqüentadores a seguinte reclamação para um “chaminé” que estava ao seu lado: “Pô, cara o mundo tem sete mares, três oceanos, seis continentes, 510.000.000 km2 de terra, e você vem fumar justamente aqui, na minha cara?!?

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