Marilene Volpatti
Pode parecer incrível, mas uma simples reforma na casa pode se transformar em séria crise no casamento.
Perda de emprego, falecimento de alguém da família e divórcio são situações que provocam estresse grande. O mesmo acontece no casamento quando surge um elemento novo que afeta radicalmente o padrão de comportamento do casal.
O marido foi despedido ou a mãe dele foi morar com o casal, são transformações que vêm acompanhadas de ansiedade, insegurança e medo. Assim, novas regras surgem com as mudanças. O casal precisa sentar, conversar e rever as estruturas planejadas que foram modificadas pelas circunstâncias.
No caso, se o casal tiver maturidade e conseguir encarar a dificuldade como temporária, poderá sair da situação fortalecido.
Reforma da casa
Sandra, 33 anos, resolveu mudar os armários de cozinha. Foi um desastre para ela e o marido. “Ficou duas vezes mais caro do que planejamos e foi motivo de discórdia entre nós”, conta. Nos quinze dias que durou a troca dos armários, o casal discutiu mais do que em cinco anos de união.
Na maioria das vezes, uma simples reforma na casa pode passar de sonho a pesadelo. Tudo pode ser motivo de briga: um simples puxador de gaveta, cor da parede, lustre…
Se o pintor ultrapassar o prazo de entrega, por exemplo, é fator de tensão e passam a ter dificuldade para conversar. Diferenças, antes pequenas, tornam-se gigantescas. Se a mulher está irritada, vai cobrar atitudes do marido, que por sua vez joga culpa na parceira.
Como resolver
Uma boa noite de sono coloca a cabeça no lugar. No dia seguinte as coisas parecerão mais claras. Da próxima vez que planejarem alguma coisa que for interferir no dia-a-dia do casal, combinem com antecedência, discutam mais demoradamente o que pretendem fazer e dividam tarefas. É fundamental que a mudança que vai ser sofrida não se torne um fardo e nem motivo para jogar na cara do outro os defeitos e enganos.
Sogra chegando
Fernando, 44 anos, conta que estava casado há dez anos quando perdeu o pai. Vendo a mãe só e carente, convidou-a para morar com o casal. A paz não durou muito tempo e chegou o inferno. “Bastava colocar os pés no portão de casa e lá vinha minha esposa reclamar de minha mãe que mudou o cardápio do jantar, os móveis de lugar, deu ordem para a empregada no lugar dela, e assim por diante. Eu tentava controlar a situação. Nossas brigas começavam sempre pela disputa das duas. O clima foi ficando cada vez mais tenso e sem respeito que decidimos nos separar”, afirmou.
Qualquer casal, por mais estruturado que seja, fica estremecido quando surge uma terceira pessoa no ambiente familiar. A privacidade é perdida e acaba a liberdade nesta convivência diária. O terceiro elemento passa a sentir-se à vontade para dar palpites e interferir no relacionamento do casal. Quando é a mãe do homem que vai morar junto, aí o caldo entorna de vez porque existe a disputa. As duas lutam pela atenção do mesmo homem sem perceber que ocupam espaços diferentes na vida dele.
Como resolver Fernando achou que acabar com o casamento era o mais certo. Mas, se tivesse logo de início colocado regras e dizer que a rotina precisaria ser respeitada para uma boa convivência, a mãe com certeza não teria ultrapassado os limites. E a nora por sua vez precisaria entender que pessoas idosas sentem-se inúteis se não tiverem uma atividade para ser cumprida. Poderia passar pequenas tarefas para a sogra sentir-se útil. Com inteligência e jogo de cintura poderia transformá-la em sua aliada.
Desemprego
Tanto homem como mulher, nos dias de hoje, quando ficam desempregados perdem a calma pelos compromissos financeiros existentes. Jaime, 38 anos, foi mandado embora da metalúrgica em que trabalhava. “Fiquei sem chão, o mundo desabou em minha cabeça. Meu nervoso não tinha limites, fiquei mais sensível e ansioso pela falta de dinheiro e passei a explodir com minha esposa”, conta.
É natural que isso ocorra, pois a família foi obrigada a se adaptar com a nova situação financeira e fragilizou tremendamente o relacionamento do casal. Ao sentir-se impotente diante das dificuldades, Jaime passou a cobrar apoio da mulher. Mas, ela também estava angustiada pois seu ganho não era suficiente para manter a família e passou a exigir uma reação dele.
Como resolver Jaime diz que após alguns desentendimentos sua mulher percebeu que o problema todo estava na ansiedade dele. A partir daí adotou a postura de dar força o tempo todo a ele e de não comprar qualquer briga que fosse provocada pelo nervosismo. Ela entendeu que o marido estava em crise pela incerteza do futuro, tentou não fazer cobranças e ele, por sua vez, entendeu que não adiantava descontar toda sua mágoa na família. Juntos passaram a exercitar a paciência. E deu certo.
Prevenir e remediar
* Não busque culpados pelo seu problema. Isso só prolonga a crise.
* Não transfira as dificuldades para o outro cônjuge. Antes de se queixar da sogra, procure ter uma convivência mais agradável com ela.
* Todos têm o direito de explodir vez ou outra. Às vezes tolerar pode causar menos estragos do que comprar brigas.
* Negocie sempre e faça acordos.
* O casal precisa aprender a dizer na hora o que não lhes agrada. O contrário disso será a cobrança em doses homeopáticas.
Serviço
Consultoria: Drª Tereza P. Mendes – Psicoterapeuta Corporal – Fone:- 236- 9225.