Corte que cria empregos

Antonio Delfim Netto

Um dos fatos mais interessantes em nossa economia nesse momento é o crescimento dos investimentos em equipamentos para a indústria. A compras de máquinas deu um salto espetacular no segundo semestre do ano passado e continua crescendo este ano, tanto no que se refere às encomendas à indústria nacional como nas importações. Esses investimentos mostram que a indústria decidiu ignorar as previsões pessimistas de economistas do governo e fora dele que “limitaram” a capacidade de crescimento do Produto em 3,5% em 2004 e 2005. A expansão do setor desmonta aquela estranha teoria do esgotamento da capacidade produtiva, confirmando a idéia que quando existe a demanda os empresários trabalham na direção de satisfazê-la. Eles vão mexendo aqui e ali, melhoram o processo numa etapa da fabricação, põem uma máquina nova, contratam mais gente e é isso que faz o desenvolvimento e garante a sua continuidade.

A confiança do empresário da indústria criou o clima de otimismo que vai nos ajudar a continuar crescendo em 2005 e talvez compensar a perda de produção na agricultura devido ao mau comportamento do clima, especialmente a seca no sul do país. No geral, as condições internas da economia continuam bastante razoáveis e por isso creio que não é nenhuma extravagância pensar na repetição de um crescimento da ordem de 4,5% a 5% em 2005, com uma taxa de inflação ligeiramente inferior à de 2004. O que pode reduzir a taxa de crescimento é a insistência do Banco Central em forçar a meta de inflação de 5,1%, mediante a imposição de política monetária ainda mais agressiva que a atual. Meta extravagante que se tornou ainda mais problemática diante da redução da oferta agrícola (e conseqüente pressão de preços) e do comportamento dos preços do petróleo.

Nos últimos três trimestres o PIB tem crescido à média de 5,5% (6,1% no terceiro trimestre), em comparação com seus homólogos do ano anterior e seria realmente uma infelicidade sacrificar este crescimento por conta de uma extravagância. O momento exige um novo “mix” de política econômica. Se continuarmos insistindo no controle da inflação pelo corte das despesas do setor privado, vamos obter menor crescimento e redução da produtividade da economia. A solução inteligente é cortar a demanda do governo, concentrando os cortes nas despesas de custeio, poupando os míseros investimentos que o Estado ainda faz. É um erro imaginar que o corte da despesa governamental vai sacrificar os programas de ajuda à pobreza ou vai reduzir a demanda global. Pobreza se combate com emprego. O corte de despesas, bem programado e crível, eleva as expectativas do setor privado, acelera o crescimento, aumenta o emprego e atrai investimento externo para ampliar a base exportadora, como são exemplos recentes, a Irlanda, a Finlândia e a Dinamarca. É preciso iniciar esse movimento enquanto o crédito do governo é alto. Dar emprego é mais honesto e eficiente do que combater a fome paternalisticamente.

e-mail: dep.delfimnetto@camara.gov.br

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