Correr atrás do prejuízo

Antonio Delfim Netto (*)

Estamos terminando 2006 com a sensação que foi um ano em que a economia poderia ter decolado para uma nova etapa de desenvolvimento e estranhamente ficou presa ao solo. O ano começou com uma perspectiva bastante interessante, com o Banco Central admitindo, contra todos seus pareceres anteriores, que a economia estava em condições de crescer 4%, sem prejuízo da meta de 4,5% de inflação. Para que isso acontecesse, no entanto, era preciso que o governo corrigisse a política monetária, sinalizando ao setor privado uma queda mais acentuada dos juros, perfeitamente absorvível pelo “mercado”.

Infelizmente os juros continuaram no patamar elevado, sustentando a super valorização do Real, em parte alimentada pelo saldo comercial mas na realidade nutrida pelo diferencial de juros interno e externo. Isso foi fatal para o ânimo do setor industrial que reduziu o ritmo de crescimento da produção. Sem o crescimento da indústria e sem poder contar com uma reação forte da agricultura punida por dois anos de clima desfavorável, a economia não poderia mesmo decolar. O crescimento que seria de 4% vai ficar mais uma vez abaixo dos 3% do PIB; a inflação termina ligeiramente superior aos 3%, a uma distância exagerada da meta.

Diante deste quadro, é razoável que as pessoas duvidem da possibilidade de crescimento de 5% do PIB em 2007, como deseja o Presidente Lula. Ele está tentando coordenar uma série de políticas que conduzam o seu segundo governo a perseguir esse objetivo, de uma forma coerente. Tem insistido que não abrirá mão do equilíbrio fiscal, uma sadia obsessão. A primeira decisão crucial que parece estar tomada é controlar as despesas de custeio do governo federal que são em torno de 18% do PIB, corrigindo-as anualmente apenas pela inflação. É perfeitamente possível reduzir esta relação ao longo do mandato para algo como 15% e utilizar os 3% para aumentar os investimentos na infraestrutura, influenciando o aumento dos investimentos do setor privado. Suspeita-se que o início de um programa dessa natureza ajudará o Banco Central a praticar uma política monetária mais inteligente, permitindo um avanço mais rápido na queda dos juros.

Com o estímulo que isso trará à atividade industrial, mais a recuperação dos preços agrícolas que dá novo alento ao agronegócio e mais o forte impulso dado ao setor da habitação, o objetivo de 5% de crescimento do PIB em 2007 é uma probabilidade bastante razoável. Houve neste final de ano uma mudança para melhor na sociedade e no governo: as pessoas voltaram a acreditar que o Brasil pode crescer. Isso é importante porque o desenvolvimento depende de condições objetivas que o governo venha a construir, mas, depende também de um estado de espírito que soma esperança e entusiasmo. Foi sempre assim quando o Brasil cresceu de verdade e está acontecendo de novo.

Em comentário futuro retornarei ao tema mostrando algumas dessas condições e alinhando as razões pelas quais acredito que 2007 trará de volta o desenvolvimento. Desde agora antecipo meus votos de Feliz Natal e Próspero Ano Novo aos leitores do J.A.

(*) E-mail: dep.delfimnetto@camara.gov.br

Compartilhe :

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Famílias do Assentamento Bela Vista do Chibarro recebem Certidões de Matrículas

GEPOL – PROTAGONISTA DA HISTÓRIA

Parque Infantil recebe Campanha de Adoção de Animais neste sábado (07)

Farofa fácil de Natal

Festa de Natal do Clube Náutico

CATEGORIAS