Cooperativismo

Marçal Rogério Rizzo (*)

Há décadas, o Brasil vem sofrendo um triste retrato da má administração de governos que são descompromissados com a população, cuja economia não se desenvolve. O desemprego cresce e gera exclusão social. A sociedade busca alternativas para amenizar o desemprego. Diante disso, o cooperativismo é alternativa viável. No entanto, há distorções sobre esta forma de organização.

O artigo de Edivaldo Del Grande (Cooperativismo e Justiça Social) publicado na Folha de S. Paulo de 28 de julho de 2006, nos apóia.

Apesar de já existirem resultados satisfatórios sobre o uso do cooperativismo para a melhoria da sociedade, “[…] a imagem que a sociedade faz dos empreendimentos é bastante distorcida. As cooperativas são vistas por muitos, exclusivamente como alternativa para parcelas carentes da sociedade – catadores, costureiras ou artesãos – se inserirem no mercado de trabalho”.

O cooperativismo, se bem empregado, pode viabilizar novas formas de negócios, gerar renda e empregos nos setores da economia. Aquele autor lembra de negócios voltados para a área rural e afirma que “a cooperativa é o melhor caminho para o homem do campo ter acesso à tecnologia, ao crédito e à assistência especializada para competir com os grandes conglomerados que integram o agribusiness”.

Cita, ainda, que o cooperativismo emprega “diretamente 200 mil pessoas que estão presentes em mais de 1700 municípios onde movimentaram o equivalente a 6% de PIB brasileiro em 2005”.

Outro ponto importante que deve ser comentado, é que há casos em que existe a autogestão cujos funcionários passaram a “administrar empresas que haviam falido. As cooperativas de trabalho paulistas geram mais de 100 mil postos de trabalho”.

Existem outras formas de cooperativismo como: cooperativa habitacional, educacional, de saúde e de consumo. Um dado relevante que o autor apresenta, baseado na pesquisa do IBGE, mostra que as cidades onde há cooperativas, revelaram o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) maior.

Agora, depois de sabermos de benefícios e resultados satisfatórios, por que vivemos ainda nessa situação? No mesmo artigo, o autor faz os seguintes questionamentos: “Por que há tanto desconhecimento sobre esse assunto e menos de 4% da população brasileira é associada a cooperativas? Por que nossos políticos teimam em investir em programas fadados ao fracasso, quando o cooperativismo se apresenta como um modelo sustentável capaz de diminuir desigualdades?”.

O próprio autor responde que há falta de investimentos e apoio por parte do governo que tem prejudicado o crescimento dessas cooperativas, pois investem em outros programas que fracassam, sendo que, em outros países, há uma política de apoio às cooperativas, incentivando um grande percentual da população a participar do cooperativismo.

Um exemplo: na Europa, 45% participam de alguma cooperativa e, nos EUA, este percentual chega a 35%. Além da falta de apoio aos governos, existem outros problemas que dificultam o crescimento do cooperativismo no Brasil, como ressalta Edivaldo Del Grande: “Infelizmente as imagens errôneas sobre o movimento não residem só na falta de cultura associativa do brasileiro. O problema envolve a ausência de investimentos em educação e o não reconhecimento dos poderes públicos das particularidades do cooperativismo, o que tem resultado em perseguição indiscriminada a esse tipo de empreendimento”.

O que precisamos agora é de apoio para que haja um reconhecimento maior do valor que as cooperativas têm para nos ajudar na “função de geração de renda a trabalho com justiça social”. Caso algum dia isso aconteça, poderá haver melhora significativa na economia, até mesmo para estabilizá-la. A economia estabilizada propicia ao país melhor condição para se viver, podendo até servir de exemplo para outros países.

(*) É Economista, professor universitário, mestre em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia.

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