Ao tempo do governador Fleury, dezenas de usineiros foram ao Palácio dos Bandeirantes pedir a inclusão do álcool à gasolina. A crise do petróleo na década de 70 estimulou a criatividade brasileira e o Proalcool nasceu, com as cores verde e amarelo. O consumidor acreditou e os carros, com motor apropriado, rodaram com energia limpa, renovável. De repente, as filas nos postos porque faltou produto. Naquela época, mais procura do que oferta. A confiança foi abalada e demorou alguns anos para que o combustível nacional obtivesse a adesão do mercado calejado. A engenharia buscou uma alternativa.
Motores para dois combustíveis reataram o interesse, são um sucesso. Diante dessa situação favorável, o que os usineiros fazem, na ânsia de lucro imediato: aumentam o preço a ponto de o governo federal, mais sensível neste ano eleitoral, anunciar providências oficiais para conter a alta. São feridas, escoriações desnecessárias num mercado exigente e com memória.
Nota-se que os usineiros colocam em risco a confiabilidade, a troco de alguns reais. E aquela relação de o preço do litro de álcool custar até 60% do da gasolina?
Só porque aumentou a demanda e estamos na entressafra o produto precisa obedecer ao processo hedonístico, a lei da procura e oferta e subir ao patamar que leva o consumidor a não ver vantagem no flex? Trata-se de um erro de estratégia, um sério solavanco que leva milhares de agentes econômicos a ficar com um pé atrás. O setor mostra-se insensato, irreal e afoito. Não aprendeu com os erros e, por conseguinte, abre espaço para muitas interrogações.
O mercado se mostrou pouco social, muito egocêntrico. Os usineiros certamente terão que conviver com algumas medidas para permitir equilíbrio constante, a favor dos consumidores finais. Os freios poderiam ser dispensáveis e o Estado nem precisaria pensar em medidas saneadoras.