Condomínio insegurança é o principal

Hubert Gebara (*)

O número de assaltos aos condomínios está, por enquanto e em relação aos últimos anos, em curva descendente em São Paulo. No ano passado, 25 ocorrências em todo Estado e, até agora, 6 assaltos. Contudo, a insegurança continua sendo o principal problema dessas comunidades.

Sempre que ocorre novo assalto, surgem falhas que já deveriam estar superadas, como cercas elétricas desligadas ou circuitos internos de tevê sem as fitas. Quando a falha não é técnica, é humana: porteiros que abrem o que deveria estar fechado ou que saem de suas guaritas, quando deveriam vigiar pelo insulfilme aqueles que chegam alegando os mais variados propósitos. Há uma semi-guerrilha urbana conspirando contra a segurança dos condôminos.

Essa violência não é mais endêmica de cidade grande. Condomínios em cidades de porte médio e pequeno estão sendo vítimas de quadrilhas ou assaltantes que atuam de forma independente, às vezes menos experientes e mais perigosos. Pairam muitas perguntas e dúvidas. Por que a cerca elétrica estava desligada ou não havia fita no circuito interno de tevê? Por que algumas pessoas se transformam em assaltantes e por que a sociedade gera com tanta frequência esse tipo de comportamento?

Surgirá uma nova arquitetura para projetar imóveis mais seguros ou construiremos, como na Idade Média, barreiras aquáticas com ferozes e famintos crocodilos? Por enquanto, não sabemos, mas alguma coisa pode ser feita. Nosso Código Penal é obsoleto e imutável. O combate ao tráfico de armas e drogas não surte o efeito necessário. As cadeias continuam superlotadas de detentos e de celulares. A solução pode vir por exclusão das possíveis causas, não apenas dos sintomas.

É preciso entender que a insegurança que hoje aflige os condomínios vai, no longo prazo, entrar em curva descendente graças a um conjunto de fatores que se relacionam numa trama complexa. O emprego está na base da trama: é ele quem garante a educação, e não o contrário (pelo menos num primeiro momento). Os condomínios garantem empregos diretos e movimentam anualmente bilhões de reais. São 50 mil condomínios no Estado. Estimulam setores paralelos, desde as empresas de segurança até as de áreas de comunicação e marketing, passando pelos segmentos de materiais de construção e manutenção.

A construção civil impacta o consumo de cimento, de mobiliário, de metais sanitários, de decoração, enfim, de um amplo espectro com o qual os condomínios, de alguma forma, se relacionam. O crédito imobiliário está generoso e incentiva o sonho da casa própria. A curva ascendente do emprego e da atividade econômica vai, a longo prazo, combater a violência. É a estabilidade social que vai gerar funcionários mais atentos no condomínio. E menos assaltos.

(*) É vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP.

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