N/A

Como escolher o advogado

José Renato Nalini (*)

Escolhe-se advogado como se escolhe o médico. Ou o confessor, para aqueles que ainda se confessam. Precisa ser alguém de confiança. Probo, ético, em quem se possa confiar.

Hoje, com o excesso de causídicos, torna-se difícil saber com quem se lida. Acabaram aqueles escritórios em que a pessoa do advogado era o centro. Ele ouvia a parte, ele deliberava sobre a estratégia a ser observada, ele acompanhava o processo e estava à disposição do cliente para as informações de que este necessitasse.

Os antigos sabiam eleger os profissionais confiáveis. E há histórias deliciosas de como isso acontecia. A esperteza era uma característica dos velhos brasileiros. Algo nem sempre observado na vida contemporânea.

Conta-se que um consulente bizarro entrou no escritório de um advogado bem conhecido e respeitado. Contou que havia problemas nas divisas de suas terras, ainda não regularizadas fundiariamente. O homem mostrou seus títulos, mereceu do advogado toda a atenção. Este contou que alguns dos papeis de nada valiam. Perderam-se no tempo, tamanha a barafunda fundiária do Brasil. Mas indicou o caminho a ser seguido.

Terminada a consulta, bem apuradas todas as circunstâncias, o homem enrolou a papelada, pagou pela hora em que foi ouvido e orientado – o que é difícil ainda hoje: as pessoas pagam o médico, mas acham que o advogado tem de atender de graça… – e disse ao advogado: – “Doutor, muito obrigado, mas não posso lhe confiar minha causa. O senhor acabou de dizer que eu não tenho direito!”. – “Mas como, disse o advogado. Então o senhor não compreendeu!”.

E o consulente: – “Compreendi muito bem. Tudo o que eu contei para o senhor é verdade. Só que eu sou a parte contrária…”

Se as pessoas se aconselhassem primeiro, evitariam lides que, na singular e exótica solução brasileira, podem durar décadas. É o que leva para percorrer as quatro instâncias e para vencer um caótico sistema recursal tupiniquim.

Escolha advogados pacificadores, do diálogo e que busquem a composição consensual das controvérsias. A não ser que você não tenha razão. Aí vale a pena recorrer ao equipamento estatal encarregado de solucionar conflitos.

(*) É Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.

Compartilhe :

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Show nesta sexta-feira no Sesc Araraquara

Oficina “Dobrando e encantando”, neste sábado no Sesc Araraquara

Espetáculo de teatro infantil neste sábado no Sesc Araraquara

Conhecendo uma aula de Movimento Consciente, neste domingo no Sesc Araraquara

Xadrez para todas as pessoas neste domingo no Sesc Araraquara

CATEGORIAS