Combate às erosões

Um empreendimento imobiliário de Araraquara, localizado na micro-bacia do Ribeirão das Cruzes, construiu trincheiras de infiltração (valetas preenchidas com pedregulho ou pedra britada) e barragens para evitar que a água da chuva escoe diretamente no Córrego do Serralhal.

A inovação é uma orientação do Daae (Departamento Autônomo de Água e Esgotos) para os novos loteamentos, com soluções ambientalmente corretas.

O projeto inicial foi apresentado antes de entrar em vigor o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano. Além da aplicação do conceito tradicional de drenagem com a construção de galerias pluviais que descarregariam diretamente no corpo d’água, o empreendimento apresenta alta taxa de ocupação e impermeabilização do terreno, com grande número de lotes de pequena área.

Júlio César Arantes Perroni, coordenador de Operações, afirma que por se tratar de uma área de manancial, o Daae interveio na revisão do projeto solicitando um estudo para quantificar o excesso de escoamento da água de chuva causado pela impermeabilização do terreno, construções e pavimentação das ruas. E também para que fossem dimensionados dispositivos para forçar a infiltração dessa água no solo.

Água direta

Segundo o coordenador Júlio Cesar, outra recomendação é não fazer nenhum lançamento direto da água pluvial no córrego, mas, fazê-lo passar por dispositivos de detenção e retenção situados no limite da Área de Preservação Ambiental (APP).

“O Daae busca introduzir um novo conceito de manejo da água pluvial que tem como objetivos básicos a contenção de processos de degradação dos córregos pela erosão causada pelas chuvas intensas e a degradação da qualidade da água do córrego quando ele recebe diretamente a água poluída das primeiras chuvas, que lavam ruas e telhados”, afirma Perroni.

Inovação

De acordo com o Eng. Gilson Vieira da Silva, contratado pelo empreendedor e autor do projeto, a tecnologia é inovadora e contribui para minimizar os impactos no lançamento de água pluvial em rios, córregos e ribeirões.

“Em alguns casos, consegue-se a recarga do aqüífero e evita a erosão de córregos d’água”, disse o engenheiro que tem experiência neste tipo de projeto.

Expectativa

A implantação e o funcionamento desta tecnologia causam expectativa, pois, no Brasil há pouca divulgação das soluções encontradas através de novos dispositivos para contenção.

O Eng. José Francisco Pelícola, um dos proprietários do loteamento, assevera que implanta pela primeira vez um projeto de manejo sustentável de água pluvial. “A elaboração do projeto não causou ônus financeiro. O problema foi o tempo exigindo agilidade maior do órgão público para aprovar a viabilidade do projeto”.

Respeito à

natureza

Quanto aos benefícios do projeto, Pelícola enaltece a iniciativa do órgão público na preservação ambiental. “Esperamos evitar erosões no córrego e degradação o meio ambiente”, afirmou.

Perroni, por sua vez, considera que a demora na análise e aprovação do projeto será compensada pela redução dos impactos ambientais do projeto original.

Recarga do freático

Para o projeto de drenagem do loteamento, os cálculos pluviométricos mostraram a quantidade de água infiltrada no caso de uma chuva intensa, considerando a área impermeabilizada. Por meio deles, pode-se estimar quanto o solo pode receber de água de chuva e, assim, calcular a largura, comprimento e profundidade das trincheiras. Esses dispositivos facilitarão a infiltração da água que se depositará no freático.

“Quando chove essas pequenas barragens retêm a água e se transformam em pequenas lagoas e uma parte da água é retida para infiltração. O tempo necessário para infiltração é curto, por volta de 24 horas. Esse lapso de tempo não permite o desenvolvimento de larvas de moscas”, antecipa Perroni.

Num loteamento, projetado de forma convencional, todas as ruas teriam galerias que desembocariam diretamente no curso d’água mais próximo. “No caso desse loteamento houve a redução da dimensão das galerias que em parte foram substituídas pelos dispositivos de infiltração”, disse.

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