Antonio Delfim Netto (*)
Não há dúvida que estamos saindo finalmente do ciclo de baixo crescimento que caracterizou a economia brasileira nos últimos 10 anos. Os dados do comportamento do PIB no terceiro trimestre apenas confirmam que devemos chegar ao final de 2004 com uma expansão em torno de 5%. Há dezoito meses o nível da atividade vem crescendo, começou lentamente mas está hoje caminhando com segurança. Isso mostra como um governo mais ativo, que se mostra amigável ao setor produtivo, pode reorientar rapidamente a economia para o desenvolvimento. Mais importante ainda é que estamos com um volume de exportações que vai finalmente conseguindo reduzir a dependência externa, o que é fundamental para que o crescimento se realize sem maiores turbulências.
Ao mesmo tempo em que melhoramos as relações externas, estamos assistindo à recuperação do consumo interno, com o aumento da oferta de emprego formal e da renda dos trabalhadores. Temos vários setores hoje em crescimento, uns mais, outros menos dinâmicos, mas todos com os sinais de uma expansão sólida. Um dos exemplos significativos é o da recuperação da atividade imobiliária que vem mostrando como o estímulo do governo pode produzir modificações importantes na estrutura econômica. O crescimento recente do setor da construção civil é produto da conjugação de três fatores: uma forte demanda pela casa própria: a disponibilidade de recursos com o aumento da oferta de crédito especialmente pela Caixa Econômica Federal e a nova lei organizada pelo governo junto com os empresários do setor que permite separar os ativos de tal forma que cada empreendimento é responsabilidade de seus próprios construtores e dos proprietários.
Aos poucos vai sendo desmontado o pressuposto que “não podemos crescer mais porque faltam investimentos e estamos chegando ao limite da capacidade produtiva”. Ora, o crescimento está se realizando porque os investimentos estão sendo feitos diante da perspectiva de aumento da demanda. Ninguém investe enquanto há capacidade ociosa. Quem vai investir se não estiver perto da capacidade?
É evidente que sem demanda não há investimento. Mais claro ainda é que se não houver crédito o investimento murcha e com ele o crescimento. Aqueles três fatores promoveram a rápida expansão do setor de construção e da produção em geral. O atual governo tem mantido constantes os estímulos às atividades produtivas e tem colhido resultados importantes, tanto no setor externo com o crescimento das exportações como no aumento do consumo interno. É isso que explica a queda dos níveis do desemprego e a melhora na renda, o que certamente vai trazer felicidade a alguns milhares de brasileiros neste final de ano. Explica também o acesso de ciúme das lideranças tucanas, que não souberam enxergar competência onde eles apenas produziram decepção e colheram algumas couves…
(*) E-mail: dep.delfimnetto@camara.gov.br