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Choque de lucidez

Antonio Delfim Netto (*)

O corte de meio por cento (0,50) na taxa básica de juros feito pelo Banco Central deveria ter sido maior. O COPOM continua com uma política conservadora, contribuindo para piorar o momento difícil por que passa o país. Difícil porque todos os sinais que nós temos são de que o ritmo de desenvolvimento está diminuindo. Graças ao aumento consistente de juros durante meses, reduzimos o crescimento do país. Era preciso um pouco mais de inteligência na condução da política monetária num ano em que a agricultura teve queda de renda e perdeu parte da produção por problemas climáticos no sul do país.

A própria indústria que iniciou uma vigorosa recuperação a partir de 2003, passou a adiar investimentos para aumentar a produção desde o segundo trimestre do ano, adotando postura de cautela plenamente justificada diante dos sinais enviados pela autoridade monetária. E, pior ainda, devido aos efeitos da valorização cambial estimulada pelos altos juros, investimentos importantes para a ampliação das exportações foram igualmente postergados. É difícil não perceber o que está sendo gerado em matéria de dificuldades para o comércio exterior brasileiro ao final deste seu mandato.

Provavelmente, para surpresa de algumas pessoas do governo, teremos uma redução do ritmo de crescimento do Produto este ano em relação ao ano passado. Não é uma coisa nada boa: o Brasil que cresceu 4.9% em 2004 talvez cresça menos de 3% neste ano. É preciso reconhecer que o excesso de conservadorismo do BC está mesmo criando condições para repetir a triste façanha do governo passado, entrando no último ano de mandato com um crescimento médio medíocre.

É curioso como neste governo, as boas iniciativas perdem fôlego rapidamente, como se não fosse possível manter um mínimo de consistência e uma razoável coerência na execução. É o caso por exemplo da expansão do crédito em consignação, que começou bem mas logo passou a sofrer a intervenção da área sindical, numa espécie de grilagem de parte do dinheiro do trabalhador. O acesso ao crédito devia ser absolutamente livre, sem necessidade de intermediação. Ele funciona como uma antecipação do consumo e tem sido um importante estímulo para o aumento do volume da produção e das vendas do comércio.

E-mail: dep.delfimnetto@camara.gov.br

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