Muitas coisas podem nos chatear, aborrecer ou contrariar, basta que não estejam alinhadas com a forma como pensamos, sentimos ou julgamos determinada situação. Esta semana fiquei chateada. Recebi uma carta bastante extensa, de alguém que não economizou críticas a um de meus textos. Acho que teria aceitado bem a expressão do descontentamento se ele se referisse somente ao que escrevi, mas, o leitor fez questão de ofender pessoalmente e ainda rogou uma praga.
Quando comecei a escrever já tinha em mente que não conseguiria agradar a todos. Ser pedra é fácil, difícil é ser vidraça. Fiquei triste com tanta falta de amor.
Algumas pessoas conseguem ser tão ofensivas e grosseiras que desanimam quem procura ajudar ao semelhante. Não me admira que muitos tenham desistido de participar voluntariamente de grupos como vicentinos, equipes de liturgia, coral e catequese, entre outros. Dentro da própria igreja se encontram pessoas belicosas que não têm outro interesse senão aparecer mais que todo mundo, e passar como um trator sobre todos aqueles que se interpõem em seu caminho. É uma pena! Todos somos falíveis. Não existe pessoa perfeita. Além disso, todos corremos o risco de ser mal interpretados, principalmente por aqueles que não querem entender uma mensagem ou atitude fraterna e solidária. O egocentrismo embaça a visão, e faz com que priorizemos o "eu" em detrimento do "nós", do coletivo. Tem gente que só se importa com o próprio sofrimento, e simplesmente se esquece de que existem outros à volta. Talvez, quisessem que Deus lhes conferisse uma vida privilegiada, sem problemas, sem dificuldades. Sim, é bem verdade que alguns se julgam "santos" na terra e, portanto, sentem-se injustiçados quando são chamados à atenção, quando são repreendidos ou orientados. Não possuem humildade suficiente para refletir sobre seus atos, e se revoltam quando alguém sutilmente lhes mostra a realidade por trás das aparências.
Tanto isso é verdade, que os príncipes dos sacerdotes e os anciões persuadiram ao povo que pedissem a crucifixão de Jesus Cristo somente por inveja (Mt 27, 20). Não admitiam ser corrigidos, vez que se julgavam puros e irrepreensíveis aos olhos de Deus. Crucificaram um inocente. É preciso ter consciência da missão a nós delegada, e força para continuar lutando contra as injustiças, apesar dos percalços. Que Deus nos ajude vencer a chateação e permanecer firmes. (Maria Regina Canhos Vicentin e.mail: mrghtin@jau.flash.tv.br é psicóloga e escritora).