Patricia Reaney
Ainda não há evidências concretas de que o uso de celulares faça mal à saúde, mas é preciso tomar cuidado, principalmente as crianças, disseram cientistas britânicos numa pesquisa divulgada na terça-feira.
O Conselho Nacional de Proteção Radiológica (NRPB) da Grã-Bretanha, um grupo independente, disse que há registros de efeitos adversos à saúde, mas que alguns deles ainda não foram confirmados por instituições.
“Ainda recomendamos uma abordagem cautelosa, porque não há evidências concretas de que a saúde do público em geral tenha sido negativamente afetada pelo uso de tecnologias de telefonia móvel”, disse o presidente do NRPB, sir William Stewart, numa entrevista coletiva.
Mas ele acrescentou que não colocaria a mão no fogo pela segurança dos celulares, porque a tecnologia é relativamente nova e está evoluindo rapidamente, mais rápido que as análises sobre potenciais danos à saúde.
Alguns pesquisas sugerem que campos de frequência de rádio podem interferir em sistemas biológicos, mas ainda não foi possível realizar estudos de longo prazo.
A Associação de Operadores de Celular da Grã-Bretanha elogiou o relatório. “O ponto principal da recomendação do NRPB é que não há informações concretas ligando o uso da telefonia móvel a efeitos adversos à saúde”, disse o diretor-executivo Mike Dolan num comunicado.
As crianças podem estar mais vulneráveis porque seu sistema nervoso ainda está em formação, porque têm maior absorção de energia nos tecidos da cabeça e porque terão uma exposição mais longa que os adultos durante a vida, afirmou o relatório.
Stewart recomendou que as crianças usem celulares o menos possível. Elas devem preferir mensagens de texto e utilizar um aparelho com índice SAR (taxa de absorção específica) baixo.
“Precisamos ter cuidado. Ainda não podemos dizer que não haverá efeitos”, afirmou o chefe do conselho.
A indústria do celular movimenta 100 bilhões de dólares por ano. Só este ano devem ser vendidos 650 milhões de aparelhos, e mais de 1,5 bilhão de pessoas são usuárias.
A nova geração de celulares, os telefones 3G, emite taxas mais altas de radiação que os mais antigos.
Stewart afirmou que estudos que sugerem que os celulares podem causar tumores benignos no cérebro, problemas cognitivos e danos ao DNA não devem ser ignorados, mas que é necessário realizar mais pesquisas.