Cana

Manoel Carlos de Azevedo Ortolan (*)

A frustração demonstrada pelo Ministro Roberto Rodrigues em não poder equacionar o que considera a “maior crise na agricultura brasileira” é compartilhada por todo o setor produtivo. É mesmo difícil ser agricultor no Brasil e conviver com a maior carga de impostos do planeta e com o mais ineficiente sistema tributário, com uma das mais pesadas taxas de juros reais ao ano e não poder esperar que isso se reverta em investimentos na melhoria da infra-estrutura, em recursos para custeio da produção ou então em uma intervenção do governo em favor do setor produtivo em momentos de crise.

Um dos maiores conhecedores do agronegócio, o Ministro Rodrigues é uma unanimidade nas cadeias produtivas. Mundialmente respeitado, é um dos maiores propagandistas do potencial brasileiro na produção de alimentos e também um dos maiores defensores do Brasil em qualquer entrave que ocorra nas negociações internacionais. E o grau de respeitabilidade do nosso país no mercado mundial do agronegócio deve-se muito a sua figura.

Não é de hoje que se percebe que o esforço do ministro da Agricultura esbarra nas dificuldades da equipe econômica do governo. Durante a Agrishow Ribeirão Preto, por exemplo, que funciona como um foro das discussões nacionais do setor, o ministro enfrentou a pressão dos secretários estaduais pela liberação de parte do orçamento destinada às ações de defesa sanitária que estava contingenciada. Recebeu do setor de máquinas e equipamentos uma pauta com medidas que poderiam ser adotadas para amenizar a redução das vendas. Até nós, produtores de cana, estivemos em seu gabinete na feira para discutir os rumos do nosso setor. Em nenhum momento esquivou-se de sua responsabilidade e de sua transparência em dizer o que era ou não possível fazer.

O presidente Lula, que esteve na Agrishow nas duas edições anteriores, quando a crise ainda não havia atingido o setor, neste ano não apareceu. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, nem à feira foi. Reuniu-se com os empresários fora do evento e embarcou de volta a Brasília. E o ministro Roberto Rodrigues deu continuidade ao seu trabalho de lutar pelo setor. Já se tornou comum ouvirmos que são nos momentos de crise que surgem as grandes soluções. Diria que são nesses momentos também que são conhecidos os grandes líderes.

O ministro Roberto Rodrigues merece nosso incondicional apoio e solidariedade. O agronegócio é o fiel da balança comercial brasileira, corre sérios riscos. A luta do ministro, não é solitária: uma causa coletiva, de toda a agricultura brasileira.

(*) É presidente da Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil) e da Canaoeste (Plantadores do Estado de São Paulo).

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