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Borbulhas de amor

Maria Regina Canhos Vicentin (*)

Dias atrás eu fui convidada a visitar uma feira promovida por uma das escolas da minha cidade. O tema era: “O mundo e seus oceanos”. Os alunos se esmeraram para ilustrar os mares e tudo o que eles contêm. Foi nessa feira que eu descobri que o Brasil não possui mar, somente oceano. Entrávamos por um túnel de pano, todo decorado com motivos marinhos. Mas, indiscutivelmente, o que mais me chamou a atenção, foi uma maquininha que soltava bolinhas perfumadas. Quando a pessoa passava a máquina “soprava” aquelas bolinhas de xampu cheiroso que estouravam geladinhas no braço e no rosto da gente, causando uma sensação deliciosa. Achei o máximo! A neurolingüística estava em evidência lá. Tinha pra todo mundo: auditivo, visual e sinestésico. Isso é que é aprendizagem. Não tem como errar. Se se escapa por aqui, é-se pego por lá. Tenho certeza que muita gente mergulhou profundamente nessas águas, inclusive eu, que me perdi em divagações acerca da carência humana e da necessidade de afeto.

Hoje em dia, os relacionamentos estão muito frios. Não existe mais aquela coisa de se olhar nos olhos, escutar com atenção, ou dividir momentos de silêncio. Quando aquela bolinha gelada estourou no meu braço, eu senti um arrepio de prazer como se a própria vida estivesse ali a brincar comigo, soltando borbulhas de amor. Lembram da música do Fagner? Acho que passei umas quatro vezes por ali. E não era só o geladinho, não. Tinha o perfume, aquele cheirinho de produto para bebê. Você logo imagina um neném sorrindo com os bracinhos abertos em sua direção. Quem sabe seja isso que me tenha feito passar tantas vezes pelo túnel do amor.

Sentimos falta de um olhar interessado, de sermos acarinhados, ou de uma mão segurando a nossa. A aprendizagem é coisa complexa, e se efetiva basicamente através da comunicação e seu entendimento. Emissor e receptor são fundamentais, mas é imprescindível que existam borbulhas de amor durante todo o percurso. Quando não há o toque, a comunhão de interesses, a vibração conjunta… Pode até existir algo, mas isso não sensibiliza, não faz bolinhas voadoras geladas e cheirosas, entende? A nossa capacidade de transcender necessita de tempo e espaço. Confiança e entrosamento são as bases para o nosso encorajamento rumo a águas mais profundas.

Todos precisamos de atenção, carinho, cuidado. Estamos imersos num cotidiano cheio de cobranças e insatisfações. Temos o triste costume de atribuir ao outro a causa de nossos dissabores e frustrações, inviabilizando uma ponte (fonte de troca) e o veículo necessário para navegarmos no túnel do amor.

Livres de nossos já concebidos conceitos, ou pré-conceitos, podemos sim usufruir daquilo que a vida tem de melhor, estando receptivos às suas borbulhas e ao seu perfume. É dando que se recebe, e ainda podemos estabelecer trocas. A educação ficará mais rica. O mundo ficará mais rico. Nós ficaremos mais ricos. E todos serão amados!

(*) É profissional especialista em psicologia clínica e jurídica, pós-graduada em educação, e autora dos livros: “Buscando a Felicidade – Editora Celebris e “Sementes de Esperança” – Editora Santuário E.mail:mrghtin@ig.com.br

Em breve, lançamento do livro: Temas do Cotidiano (Sentimentos e Atitudes) – Editora Santuário

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