ANA PAULA RIBEIRO
O Banco Central avalia que a economia brasileira registrou “alguma” desaceleração nos últimos meses, mas avisa que esse crescimento menor ainda não foi suficiente para reverter as expectativas de inflação acima do centro da meta de 2005.
Por isso, o BC já avisa que o processo de alta gradual da taxa básica de juros da economia brasileira (Selic) deve continuar e pode até mesmo se intensificar caso os preços internacionais do petróleo continuem a avançar e o mercado não reveja para baixo suas expectativas de inflação.
As afirmações constam da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada hoje. Na reunião, que aconteceu na semana passada, o comitê elevou os de 16,75% para 17,25% ao ano.
Na perspectiva do BC, desde que foi iniciado o processo de alta de juros, houve variações positivas na economia. O preço internacional do petróleo caiu para patamares mais próximos a US$ 49, após atingirem até US$ 55,67 em outubro. O real se valorizou ante o dólar e chegou a até R$ 2,74 ontem e anteontem. Além disso, a economia brasileira apresentou “algum arrefecimento”.
Esses fatores são positivos na visão do BC porque, em tese, tiram pressão sobre a inflação e facilitam o cumprimento das metas neste e no próximo ano.
No entanto, o BC lembra que, levando em conta o cenário econômico atual, a inflação deve superar o centro da meta deste ano, que é de 5,5%, e também deve ficar acima do objetivo para 2005, que é de 5,1%.
“Por essa razão, os membros do Copom entenderam que o processo de ajuste gradual dos juros básicos deveria prosseguir de maneira a assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas”, afirmam os diretores do BC na ata.
O Copom ainda avisa que o processo de ajuste gradual dos juros requer que os preços do petróleo continuem sob controle e que as expectativas de inflação do mercado sejam revertidas.
“Caso avalie que o risco de que a inflação se distancie da trajetória de metas não esteja se reduzindo de forma satisfatória, a autoridade monetária [o BC] estará preparada para alterar o ritmo e a magnitude do processo de ajuste nos juros básicos iniciado na reunião de setembro do Copom”, diz a ata.
Sempre criticado por elevar os juros, o Copom também usa a ata para sua defesa: “Esse ajuste evitará que medidas mais fortes venham a ser necessárias no futuro para desinflacionar a economia, cujos danos ao ciclo de crescimento poderiam ser grandes”.