Marilene Volpatti
Se a mulher chegar a conclusão que não consegue viver sem o homem que ama, está na hora de repensar a sua vida.
Ana Carolina tinha 18 anos quando conheceu Otávio. Estavam sempre juntos. Ela confessa que não conseguia imaginar a vida sem ele. Ficaram noivos quando tinha 20 anos e só então foi perceber o quão dominador ele era. Ana Carolina lembra, como se fosse hoje do dia em que os dois estavam passeando pelas do comércio e tudo o que ela queria era ver algumas vitrines – mas Otávio não tinha o mínimo interesse em acompanhá-la. Ela diminuia os passos e ele continuava. Tinha que correr para alcançá-lo. Por diversas vezes a história se repetiu até que ela se rebelou. Ficou um tempão parada diante de uma loja e quando se virou percebeu que ela havia desaparecido. Foi para casa sozinha e esperou que ele a procurasse. Depois de dois dias resolveu ligar para e ele e voltaram a se encontrar.
Resumindo: esse era o padrão de relacionamento do casal, sempre Ana Carolina quem tinha de se desculpar, chorava e implorava para que os dois continuassem juntos. Ele sempre o certo, ela sempre a errada. Ela queria colocar um ponto final na relação, mas morria de medo de ficar só. As vezes, sentada ao seu lado, imaginava que estava sozinha. Ou seja, como seria a vida sem ele se terminassem em definitivo o namoro.
Quando pensou em levar a sério a possibilidade de terminar o noivado, Ana Carolina descobriu que estava grávida. Casou-se em dois meses. Na viagem de lua-de-mel, Otávio deixou claro que na sua opinião, as decisões deveriam ser tomadas por uma única pessoa e que, no caso, ele seria o indicado. Claro que iria levar em consideração a opinião dela, mas… Fiel à sua maneira de ser, passou a ditar todas as regras. Até a separação, vinte e cinco anos depois, Ana Carolina viveu sob o domínio do marido. A separação foi o seu grito de liberdade.
Jogando com a sorte
Rosangela, uma dona de casa de 49 anos, decidiu se separar quando cansou dos diversos casos amorosos do marido. Ele não aceitou (poucos homens na faixa dos 50 anos aceitam a separação), portanto, contra-atacou: “Você tem se olhando no espelho ultimamente? Não é mais tão bonita, o que você vai fazer nessa idade? Inclusive, você nem se depila direito…”.
Como a maioria dos homens, que faz questão de dizer “você já não é mais a mesma”, esse marido desesperado tem intenções ocultas. Em primeiro lugar, tenta fazer a parceira acreditar que ela é a culpada das traições dele (como se ele não fosse aprontar mesmo que ela se depilasse melhor). Também tenta fazê-la acreditar que já não é mais desejável e tem muita sorte de ter um homem a seu lado, como se para ela a única alternativa fosse a mais completa solidão. O marido, nesse caso, erra ao acreditar que existe solidão para quem se gosta.
Quando uma mulher ouve esse tipo de conversa do homem que amou um dia, é bem provável que esteja sendo manipulada para mascarar alguma fobia dele – medo da solidão, de perder o controle da situação… E a farsa funciona para aquelas mulheres que foram criadas para serem dependentes. A contra-farsa é que esses homens, da mesma forma, dependem da opinião feminina sobre a sua virilidade. Eles dizem qualquer mentira que sustente o seu “status” dominante.
É importante saber o que se quer da vida, ao assinar um “contrato” com um homem. A mulher deseja um protetor ou companheiro?
Serviço
Consultoria: Drª Tereza P. Mendes – Psicoterapeuta Corporal – Fone:- 236-9225.