Marcelo Henrique de Lima (*)
Nada mais significativo do que o slogan que a atual administração municipal estampa em todas suas peças publicitárias e, mais do que isso, estampa como marca na cidade um outro modelo de construção da identidade do cidadão araraquarense, pautada na realização de direitos através do que se convencionou chamar de gestão participativa.
Batizado como “Morada da Cidadania”, o slogan pegou e, como divisor de águas, o 'modo petista de governar’ tende a provocar a emancipação do histórico contribuinte passivo para o patamar de cidadão pleno.
Para além da superfície de um marketing político elaborado de maneira inspirada, o slogan criado transcende sua simples utilidade marketeira ao ponto de nos revelar o desejo, de muito de nós, em construir uma cidade onde as diferenças sociais e econômicas se percam nas igualdades proporcionadas pela realização da cidadania, que vem sendo construída historicamente em Araraquara.
É nesse ponto que devemos nos concentrar. O de combater a cultura arraigada do favorecimento, do 'toma lá dá cá’, do jeitinho, da promiscuidade eleitoral, da corrupção, da busca de vantagens pessoais, da prostituição da consciência (que se fosse contravenção, muita gente estaria em maus lençóis)…
É necessário que se favoreçam sim as relações democráticas saudáveis. Do 'flair play’. Do não quando não e sim quando sim. Sem meias medidas, pois o ideal não se negocia.
Por isso que Araraquara Cidadã deve ser o reflexo da maturidade de todos os cidadãos que precisam ter claro direitos e deveres, para com isso esvaziar o falso poder daqueles que se beneficiam da informação privilegiada e poder político ou econômico, para perpetuarem a desigualdade e a ignorância servil.
Para emblematizar o espírito da cidadania, peço licença ao prof. Roolpho Telarolli para utilizá-lo como exemplo.
Para além de 'síndico da aldeia’ Rodolpho incorporou como ninguém, através de suas atitudes particulares e públicas, o verdadeiro sentido do ser cidadão.
Seja em defesa do patrimônio cultural e histórico, seja no rechaço à convenções permeadas de hipocrisia social, Rodolpho exerceu sua cidadania de maneira visceral.
Através de exemplos de pessoas imprescindível como Rodolpho que devemos nos pautar.
Se queremos construir uma Araraquara cidadã, que levemos às últimas consequências ações que promovam a realização de direitos.
Por isso a missão colocada aos companheiros e companheiros, principalmente aqueles que exercem cargos públicos, não é a das mais simples. Por isso não há tempo para treinos, a única alternativa é jogar, jogando para ganhar, sem trapaça.
Há de se admitir que administrar uma cidade como Araraquara, na perspectiva de mudança e inversão de prioridades do investimento público não é nada fácil.
A cultura conservadora ainda é hegemônica em nossa cidade. Fazer de Araraquara a Morada da Cidadania só é possível em 'doses homeopáticas’.
A cilada que é preciso evitar é a do excesso de concessão por parte daqueles que detêm o poder político, que se paga pela perda da identidade e frustração de expectativas e, consequentemente, débito para com a história.
Se a gente é que é diferente, devemos demostrar na prática. Mas, se não somos, que assumamos sem ressentimento de culpa nossa mesmice.
(*) É auxiliar legislativo pelo PT e jornalista.