Sarah Coelho da Silva (*)
Fico muito admirada: quem está ainda na pouca idade, gozando de boa saúde e prosperidade e só fica pensando na ociosidade. Que logo bem próximo vai se aposentar mal sabe, este coitado, que a vida só tem significado quando está sendo vivida com muito trabalho, grandes movimentos e agitação. Tenho alguns anos vividos, 55 bem aproveitados. Hoje estou cursando com muita garra e responsabilidade uma universidade de nome e credibilidade, a Uniara, localizada bem no centro de nossa cidade. Faço tudo com muito empenho. Meus trabalhos, tarefas, deveres da faculdade, com o intuito de tirar nota 10. Pois, já tirei 3 em português, e sei que muito chorei e até vergonha na classe passei. Mas hoje minha professora Josélia falou: você está melhorando dia-a-dia.
Estudar, depois de uma certa idade, não é nada fácil. Temos em nossa mente muitos projetos, todos os planos, sonhos, problemas. Sucessos e fracassos de todos os nossos entes queridos. Precisamos estudar sempre o dobro que estudam as garotas, belas e jovens da classe, despreocupadas, gozando, com todo direito, os seus anos dourados. E assim vou levando, levanto bem cedo, lavo as roupas, arrumo minha casa. Cuido de tudo, providencio o almoço, saio às ruas feliz para trabalhar mais um pouco.
À noite me arrumo, me enfeito, arrumo meus cabelos, coloco laços coloridos, brincos que brilham, blush na minha face ainda bem lisa, um batom rubro afogueado e vou cantando para a escola. Sinto que tudo que faço é realmente o segredo que simplesmente existe na vida de todos os seres humanos. Trabalhar, sem reclamar, amar e gostar de ser útil, gostar do que faz, e querer que todos fossem assim. Incentivei a minha filha Celisa a fazer o magistério. Hoje, sigo este sábio conselho que dei há 10 anos pois sei que ser professor é maravilhoso. É sentir nos olhos de seus alunos uma firme admiração e ensinar a minha gente, passar para as pessoas o que a gente aprendeu nesta vida de nosso Deus Pai. É a oportunidade de realmente sentir-se viva, passar momentos com alegria. E ter a dignidade de sentir paz no coração. Mas tem uma coisa que me consola, sei que também existe milhões de pessoas que fazem nesta vida até muito mais do que eu.
(*) É escritora e colaboradora do JA.