Aos que sofrem pela dor

Carlos Pompéia (*)

Falaremos aqui sobre a dor, a dor moral. Os Espíritos afirmam que a dor é um anjo em favor da Humanidade, que ainda desconhece seus benefícios.

Por todas as paragens há pessoas visitadas pela dor. Diariamente há famílias em que a morte se faz presente, deixando seu rastro de desespero e sofrimento. Tudo mudará a partir dessa triste presença. Tudo sofrerá transformação depois dessa inesperada visita.

Mas é assim mesmo.

Nós vamos nos acostumando com a vida e nos esquecendo de que ela não nos pertence. Vamos acumulando valores materiais, com a aquisição de bens, sem contudo nos dar conta de que a vida é efêmera e que não poderemos levar nada do que aqui construirmos.

Deixamos, muitas vezes, de participar de acontecimentos familiares, em nome de um prazer externo que não levará a nada, nos esquecendo de que é justamente no lar, refúgio de amor e oportunidade de reajustes, que os menores eventos têm enorme importância na vida.

Numa das conversas com os Discípulos, no livro Ave Luz, do médium João Nunes Maia, pelo Espírito Shaolin, Jesus disse: “Se eu falo aqui da mensagem que a dor transmite, não te animo a ir buscá-la. Ela é divina, por não ser cega, por ter excelente visão; tem a sabedoria do grande entendimento e é portadora da matemática celestial. Jamais bate em porta errada.”

É importante que se tenha em conta de que a morte não leva apenas aquele que é mais velho; aquele que supostamente já cumpriu sua etapa de compromissos na Terra. Não. Essa ordem cronológica não existe no plano espiritual, para quem cada um, frente à sua individualidade, tem contas a ajustar com a Lei Maior, a Lei Divina. Esta sim é quem regula e controla o período de vida física a que temos direito.

O Divino Mestre deixou para a eternidade uma observação conhecida por muitos mas pouco seguida e praticada: “Vigiai e orai, para que não sejais surpreendidos”. No entanto, quando a dor vier para nos despertar do sono da ignorância, tenhamos paciência e fé, pois ela é transitória e prenuncia, em todas as circunstâncias, a restauração do Espírito, pois é através dela que este se purifica.

Leon Denis, em seu livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor, deixou registrado a todos aqueles que lhe perguntavam para que serve a dor: “Para polir a pedra, para esculpir o mármore, fundir o vidro, martelar o ferro. Serve para edificar e ornar o templo magnífico, cheio de raios, de vibrações, de hinos, de perfumes, onde se combinam todas as artes para exprimirem o divino, prepararem a apoteose do pensamento consciente, celebrarem a libertação do Espírito!” Prosseguindo, ele afirma que “Tudo se resgata e se repara pela dor. É me grato afirmar a todos aqueles que sofrem, a todos os aflitos deste mundo que há no Universo uma justiça infalível. Nenhum de nossos males se perde; não há dor sem compensação. Lembrai-vos de que nada sucede em vão; quase todas as nossas dores vêm de nós mesmos, de nosso passado e abrem-se os caminhos do céu; aconteça o que acontecer, nunca desespereis. O sofrimento é um iniciador; revela-nos o sentido grave, o lado sério e imponente da vida. Esta não é uma comédia frívola, mas uma tragédia pungente; é a luta para a conquista da vida espiritual e, nessa luta, o que há de maior é a resignação, a paciência, a firmeza, o heroísmo.”

É evidente que essa conquista, esse entendimento, só faz parte da vida daqueles que já perceberam do porquê da verdadeira presença do homem na Terra. Para estes, a importância das coisas materiais é francamente singela. O que pesa mesmo são os valores morais e a certeza do dever cumprido, junto daqueles que lhes foi permitido viver em comunidade, especialmente através da santa família.

(*) E-mail: carlospompeia@yahoo.com.br

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