Analistas temem crise global com freio em “boom” chinês

INAIÊ SANCHEZ

Um dos grandes desafios das autoridades chinesas é o de conseguir frear o superaquecimento da economia do país, dizem especialistas de bancos internacionais.

A estimativa oficial para o PIB do ano passado é de um ganho de 9,1% — o que resulta em desequilíbrios estruturais como problemas de geração de energia e de fornecimento de suprimentos.

Os especialistas da corretora Merrill Lynch mencionam no relatório “The China Macro Monthly” (A Macroeconomia chinesa mensalmente) que severos congestionamentos estão se formando nos portos e ferrovias, dificultando o escoamento dos carregamentos de minérios e outras matérias-primas. Os navios chegam a esperar um mês para descarregar os produtos.

“Esses problemas no fornecimento já puxam para cima os valores dos fretes e pressões inflacionárias começam a aparecer. Em fevereiro, o índice de preços ao produtor teve um ganho de 3,5% em termos anuais”, diz TJ Bond, economista-chefe para a região Ásia-Pacífico.

Em setembro passado, o governo de Pequim procurou puxar os freios da economia ao tentar dificultar a concessão de crédito. Tal iniciativa, entretanto, aparentemente não surtiu efeito já que, nos dois primeiros meses deste ano, os empréstimos bancários cresceram 6%.

Em recente pronunciamento, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, disse que “há uma tendência evidente de aumento de preços”, impondo “um novo e significativo teste” para o governo.

Em resumo, o boom econômico da China está chegando ao seu limite, e a política macroeconômica tem se mostrado mais avessa ao crescimento.

Os analistas da Merrill Lynch apontam que a economia já começou a desacelerar-se, mas muito moderadamente. Por essa razão, acreditam que, durante o ano, ocorra um significativo aumento das taxas domésticas de juros para fazer a locomotiva chinesa perder mais vapor.

Crise global

Alguns analistas de mercado temem que a China venha a apresentar uma forte queda em seu crescimento — o que causaria sérios danos à economia global.

“Entretanto, tal preocupação tem, até agora, se mostrado infundada”, diz o economista-chefe da Merrill Lynch.

Para os estrategistas do banco Morgan Stanley, o crescimento chinês deve diminuir de uma maneira suave, sem causar choques na economia global.

Ou seja, com uma menor demanda por parte da China, os preços das commodities sofreriam um ajuste para baixo, ao mesmo tempo em que o país continuaria puxando o crescimento global.

A necessidade de controlar as rédeas da economia da China de uma forma ordenada fica evidente quando os dados de seu comércio exterior são analisados.

Na Ásia, em 2003, as vendas para os chineses representaram 32% do aumento total de exportações do Japão. Para os coreanos, esse número foi de 36%. Já para Taiwan, 68% do crescimento das exportações no ano passado corresponderam às vendas para a China.

O impacto da China no mercado global de commodities também é igualmente profundo, sendo responsável por 7% do consumo mundial de óleo cru, 31% de carvão e 27% de produtos em aço.

“Tais números mostram o quanto várias economias são vulneráveis a transformações na China”, diz Stephen Roach, economista-chefe do Morgan Stanley, no relatório “Global Economic Forum”, publicado nesta semana.

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