José Renato Nalini (*)
Será precisa a repetição de catástrofes como as de São Sebastião e do Rio Grande do Sul para as pessoas acordarem? Os tempos já não são de meras mudanças climáticas. Estamos na era da emergência climática. A reclamar uma urgência climática.
O cidadão pode fazer muito para o enfrentamento das consequências dos fenômenos extremos. Pode praticar a democracia participativa e exigir, de seu prefeito, de sua Câmara Municipal, ações concretas em sua cidade. Toda cidade brasileira tem déficit de cobertura vegetal. É preciso multiplicar os espaços verdes. Plantar mais árvores, a ferramenta mais eficaz e a mais barata para melhorar o clima. Com árvore consegue-se sombra, chuva e água. A árvore é a melhor amiga da vida humana.
Mais além disso, é preciso economizar. Água e energia. Poupando as torneiras. Deixando-as fechadas enquanto se escova os dentes. Deixando os pratos numa bacia em lugar de lavá-los, cada qual, sob a torneira aberta. Não lavando calçadas, nem quintais. Subindo e descendo alguns degraus sem a necessidade de acionar o elevador.
Caminhar a pé. O máximo possível. Além de tudo, é bom para a saúde. Usar bicicleta. Outro instrumento propiciador de longevidade para os humanos. Insistir para que sua cidade só utilize energia limpa e troque sua frota pestilencial – aquela movida a combustíveis fósseis – por ônibus elétricos.
O sinal de alarme já soou. Quem não atender ao chamado da ciência está sendo cúmplice da destruição. Pense que milhares de animais e vegetais correm risco de extinção, mas podem ser salvos se houver foco na preservação de uma área que corresponde a apenas 1,2% da superfície da Terra. É uma conclusão científica de vinte e quatro pesquisadores de diferentes países. É a proposta “Imperativos de Conservação”, locais estratégicos que abrigam número relevante de espécies em risco. É urgente criar áreas novas de proteção ambiental. Você pode fazer isso. Confie em gestos individuais praticados por anônimos, quando eles conseguirem convencer outras pessoas, mediante a melhor lição: o exemplo.
Por falar nisso, quantas áreas de proteção ambiental foram criadas em sua cidade nesta gestão que ora se encerra?
(*) É Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.