A maior parte dos adotantes quer meninas brancas de até 18 meses. Perfil raro às crianças encaminhadas para adoção.
A adoção de crianças retoma a manchete de revistas e jornais de todo o mundo após a atitude de famosas como Angelina Jolie e Madonna. No Brasil a adoção não causa surpresa, mas, a mãe que deseja entregar seu filho para a adoção ainda sofre uma série de preconceitos da sociedade e da família. A assistente social Maria de Lourdes Ferreira faz parte do setor social da Vara da Infância e Juventude de Araraquara que atende pessoas que desejam adotar uma criança.
O primeiro passo é comparecer à Vara e se consultar com a assistente social para receber orientação técnica para ingressar com o processo de habilitação à adoção. Legalmente as pessoas devem se habilitar social, psicológica e juridicamente na Vara da Infância e Juventude. Lourdes explica que esse processo é relativamente rápido. “Não existe muita burocracia, comparada a outros processos pelo Judiciário. A tramitação visando a habilitação é célere, cerca de três meses”.
O assistente social e um psicólogo verificam a disponibilidade em cuidar da criança, os reais motivos da adoção e se a família é estruturada, dentre outros fatos.
Preconceito
Lourdes explica que a demora se deve ao encontro de recém-nascido, pois, existe um preconceito descomunal contra a doação da criança. “A pressão contra a mãe-doadora é grande e isso deve ser re-conceituado. A mãe que doa o filho sofre pressões e censuras pesadas, explicitas e implícitas. Se a mãe quer doar seu filho é porque ela tem motivos importantes que a levam a tomar essa atitude. É um ato de amor, pois, geralmente busca garantir o bem-estar da criança”.
Perfil
A maior parte dos adotantes tem preferência por crianças de até um ano e meio, branca e do sexo feminino, mas, raramente são encontradas crianças com essas características. A maioria é encaminhada para a adoção após intervenção judicial em decorrência de maus tratos, negligência e abuso, entre outros atos praticados no seio da própria família. Nesses casos, a criança via de regra tem bem mais de 18 meses.
Experiência
Wanda Las adotou os irmãos Elaine Regina e Reginaldo, já grandes. A menina tinha 14 anos e o menino 11. “Eu freqüentava a Casa da Criança e os conheci. Dava aula particular de matemática para Elaine e eles passavam alguns finais de semana comigo”.
Os dois eram órfãos e Wanda entrou com processo inicialmente para a guarda, em 1999. Seis meses depois eles passaram a morar com ela. “Foi um período de experiência para nós e deu tudo certo. Em seguida entrei com um processo para adoção”. Eles são filhos do coração, estão felizes e confiantes.
Roteiro
Para que a adoção ocorresse, uma assistente social visitou a casa de Wanda. “Periodicamente eu e as crianças fomos entrevistados por psicólogos e pelo Juiz para saber se realmente queríamos a adoção. Depois fizemos a mudança de sobrenome e eles ficaram definitivamente comigo. Desde jovem desejava adotar uma criança”, finaliza Wanda, outra mulher abençoada. (Luiza Paiva)