A voz no rádio

Maria Lúcia Suzigan Dragone (*)

Os profissionais da locução de rádio sabem muito bem qual o significado de sua voz na performance profissional: é o veículo único da consolidação de sua performance! O ouvinte tem somente a voz dos locutores como sinal de comunicação, é através dela que se consegue conquistar e prender a atenção do ouvinte, transmitir credibilidade ao conteúdo de sua mensagem, vender o produto anunciado, conseqüentemente manter a audiência e a vida do rádio.

Os locutores freqüentemente chegam a esta profissão por sua bela voz, incentivados por outros profissionais do setor e pela facilidade natural de comunicação. Ocorre então a busca do aprimoramento da capacidade comunicativa e da voz, para alcançar bons patamares. Assim, os radialistas procuram cuidar dela com métodos específicos ou caseiros, para não perder qualidade e força de comunicação. Vale lembrar que alguns cuidados têm resultados comprovados nas pesquisas científicas: tomar muita água, adequar a postura corporal ao microfone de trabalho, cuidar da saúde geral, não fumar, não beber destilados, cuidar para que o ambiente de trabalho esteja sempre muito limpo sem poeira acumulada, com temperatura ambiente agradável sem extremos de frio ou quente, evitar choques térmicos; praticar relaxamentos cervicais; aquecer a voz antes do uso diário e descansá-la ao final do expediente; não abusar da fonação em ambientes muito ruidosos, e poupar a voz, para as atividades profissionais.

Importante ressaltar que não é somente uma voz bonita que conquista audiência, é a adequação de todo comportamento vocal segundo exigências do estilo do programa, da rádio e do tipo de produto anunciado. A voz do rádio precisa ser trabalhada no quesito psicodinâmica vocal. Para que se compreenda isso é necessário saber que a voz humana transmite a emoção do falante e causa um impacto no ouvinte. O papel da voz fica muito mais acentuado no rádio, pois somente a voz do locutor alcança os ouvintes em seus lares, não há pistas de olhares, ou a imagem de movimentos corporais para complementar o que está sendo falado.

O bom locutor deve programar sua performance tal qual um ator que assume um papel no teatro: estudar as características vocais que mais se adaptam ao ouvinte e ao estilo desejado para aquela ação. Que tipo de comportamento vocal agrada mais o ouvinte jovem? Uma locução sobre uma notícia de guerra deve ter a mesma entonação do que uma locução sobre a festa na praça pública? Que tipo de sotaque interessa para esse comercial? O que meu ouvinte espera desse comentário: que transmita alegria ou desapontamento? Estou sendo autêntico ou estou passando uma “imagem” artificial?

Pequenas variações no comportamento vocal produzem um grande impacto: palavras um pouco mais articuladas levam maior precisão do conteúdo da mensagem, elevar discretamente a entonação nos pontos chaves das frases de comerciais marcam a qualidade do produto, pequenas pausas enfatizam o significado, vozes discretamente soprosas e menos tensas são mais românticas, vozes com tons menos grave e em intensidade um pouco elevada transmitem alegria. Basta pensar, estudar a reação de seus interlocutores e melhorar a psicodinâmica vocal. É necessário que a voz esteja sempre em bom estado para ser mais flexível e atender às variações desejadas.

A voz no rádio exige qualidade, flexibilidade e habilidade dos locutores para a realização de seu trabalho com alto aproveitamento e pouco desgaste.

(*) É Fonoaudióloga Especialista em Voz, Mestre e doutoranda em Educação (Unesp) Coordenadora e Docente do Curso de Fonoaudiologia (Uniara).

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