Em cidades pequenas (digamos de até 200 mil almas, propícia para a desejada qualidade de vida), é normal a figura do radialista “corajoso” que gira a sua metralhadora e mostra o sangue aos seus clientes. Com ações adredemente elaboradas, com indiscutível competência para atingir a sua meta (audiência crescente), pinta-se no espelho da verdade egocêntrica como o paladino de pobres e desprotegidos. E impera, com talentos dados gratuitamente que, algum dia, poderão ser cobrados.
Em cidades maiores, as opções se multiplicam e o foco se dilui, sem “os donos do mundo”. E, nesse clima, a eletrônica mostra-se com imagem e cheiro.
O Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo disse que o apresentador Gugu montou um personagem para exibir, domingo, entrevista com dois supostos membros de uma facção criminosa que fizeram ameaças de morte a personalidades e apresentadores de televisão. O secretário (segundo notícia da FSP) diz que o apresentador travestiu duas pessoas, colocou capuz, montou um personagem e aproveitou uma semana inteira de debate sobre seqüestro de autoridades, de atentado ao padre Marcelo Rossi, o que não aconteceu.
Saulo de Castro Abreu afirma que Gugu extrapolou o razoável. Criou-se um fato do nada.
Afora esses excessos, o povo-cliente de radialista e jornalista, especialmente do meio eletrônico, precisa de uma vacina simples e contemplada pela Constituição Federal: educação!
Enquanto o público-alvo desses profissionais que se alimentam de sensacionalismo se mostrar carente de cultura, certamente, não haverá remédio e os eventuais processos serão recebidos como medalhas de ouro, na corrida pela audiência a qualquer preço.