A terceira dose da vacina

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Dirceu Cardoso Gonçalves (*)

Se alguém ainda tem dúvidas quanto à eficiência das vacinas contra a Covid-19, é bom mudar de ideia. Apesar de toda a insana e irresponsável politização do assunto aqui no Brasil, foi a vacinação do povo que trouxe a redução do número de infectados e baixou a ocupação das vagas nos hospitais, que chegaram a entrar em colapso. O primeiro efeito foi a diminuição do número de idosos adoecidos depois que a vacina – aplicada a partir da idade mais avançada – começou a apresentar seus resultados. Agora já começamos a vacinar os adolescentes e logo serão as crianças, inicialmente fora do programa de imunização. A estrutura da Saúde Pública se esforça para aplicar a segunda dose nos idosos e outros vacinados que receberam a dose inicial e negligenciam a continuidade do programa. É preciso convencê-los que, dessa forma, continuam sob risco.
O que ainda não sabemos – até por falta de tempo de maturação – é quanto tempo durará o efeito da vacina, independente de sua marca, processo ou procedência. É por isso que o Ministério da Saúde já estuda a aplicação da terceira dose e, inclusive, faz os testes – em São Paulo e Salvador – para colher informes junto aos pacientes-cobaia. Pensa-se em começar o reforço pelos idosos e ir gradativamente diminuindo a idade da clientela. Outro experimento é ministrar vacina diferente daquela já recebida pelo paciente e verificar os resultados. O Chile e Israel já aplicam a terceira dose e mesclam as drogas de procedências diferentes. Também influem na cultura brasileira de vacinação contra a Covid os experimentos de vacinação em massa realizados nas cidades paulistas de Serrana, com a Coronavac, e em Botucatu, com a AstraZeneca. O número de casos diminuiu sensivelmente naquelas localidades e orienta a ciência para o desenvolvimento do imunizante e a melhor forma de sua aplicação à população.
Até agora, 120.228.060 brasileiros (56,78% da população) foram vacinados e 53.437.018 (25,24%) destes já receberam a segunda dose que, pelo padrão, significa imunização completa. As autoridades de saúde têm de ficar atentas para, se voltar a aumentar o número de infectados – como nos últimos dias ocorre no Rio de Janeiro, adotar medidas imediatas, inclusive a aplicação da terceira dose. Há uma corrente que defende a terceira dose como reforço no período de combate e liquidação da pandemia; outros preconizam a revacinação anual contra o coronavírus. A tabulação dos diferentes experimentos é que vai determinar o procedimento mais indicado.
Em São Paulo, a queda dos níveis de ocupação das enfermarias e UTIs dedicadas à Covid permitiu a flexibilização das restrições. Acabou a limitação do horário de funcionamento do comercio e serviços e a redução da taxa de ocupação, especialmente dos bares e restaurantes. Permanece a proibição das aglomerações e, a exigência de máscara e o distanciamento pessoal, agora reduzido para um metro. Mas, o governo estadual, que administra a questão, já acena com a liberação da convivência de pessoas. Tanto que autorizou a venda dos ingressos para toda a capacidade do autódromo de Interlagos para o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, que se realizará no dia 7 de novembro. Isso leva a crer que, se não houver nenhum retrocesso sanitário, na mesma época também poderá ser liberado o público nas arquibancadas esportivas e nos eventos culturais. Isso representa a volta da normalidade.
Muita coisa mudou pela Covid-19. Empresas que resistiram às restrições de funcionamento devem continuar com parte de suas equipes em home-office, assim como uma parcela do comércio – antes presencial – se manterá no meio eletrônico que, nesse ano e maio de tormenta, se adaptou e ficou mais competitivo. São as coisas que não voltarão a ser como antes…

(*) É Tenente e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) [email protected]

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