João Baptista Galhardo
A sogra sempre foi motivo de brincadeiras e gozações. “Feliz foi Adão que não teve sogra nem caminhão”. “Sogra é como cerveja. Só é boa quando gelada sobre a mesa”. Um genro bebaço para festejar a morte da sogra, depois da cerimônia de cremação dela, sobe numa cadeira e grita:
– Agora, gente, uma salva de palmas para o assador.
Um outro foi procurado para contribuir para o asilo:
– Leva a minha sogra.
Um cara perguntou ao amigo: é verdade que você ficou rico com a morte da sua sogra?
– É, mas não foi herança. Eu joguei no bicho o número da cova dela.
E há outros casos envolvendo a sogra. Ao retornar para casa, depois do trabalho, o sujeito vai direto para o quarto e encontra a mulher enrolada nos lençóis. Tira a roupa, entra embaixo e mantém prolongada relação sexual. Depois, resolve ir à cozinha comer alguma coisa e dá de cara com sua mulher, em frente ao fogão, preparando o jantar.
– Como é que você conseguiu sair tão rápida. Acabamos de manter relação… – Oh, Meu Deus! Era minha mãe. Ela veio me visitar e estava cansada. Eu disse a ela que se deitasse um pouco na nossa cama.
Imediatamente a mulher vai para o quarto e dá a maior bronca na mãe: “Eu não consigo acreditar no que acabou de acontecer nessa cama. Por que a senhora não mandou ele parar? Gritasse. Falasse alguma coisa.
– Essa é muito boa. Você sabe muito bem que faz doze anos que não dirijo a palavra ao idiota do seu marido!!!
Um outro genro foi indagado:
– Ô Zé, você está com ar de cansado. O que aconteceu?
– Acabei de enterrar minha sogra.
– E por que você tá todo sujo de terra?
– É que ela não queria!!
Mas deixando a brincadeira de lado, não é bem assim. Toda sogra merece o mais profundo respeito e estima. Afinal sem ela não existiriam as noras e os genros, pois os maridos e mulheres deles saíram do ventre dela. Felizmente na minha família a convivência e bem querência entre as sogras e meus filhos e de minha mulher com genros e noras foi sempre de profundo respeito e afeição. E vice versa. E eu já cantei em prosa e verso a estima que tive pela minha sogra. Mas há aqueles (genros e noras) que querem a sogra bem longe. Fazem até mandinga e reza-brava para dela se livrarem. Se for preciso até assassinato. Como o senhor Manoel que assistindo na televisão que a Polícia demorou vinte e cinco anos para encontrar o cadáver de uma sogra assassinada pelo genro que a enterrou sob o piso da própria sala, teve a idéia de fazer a mesma coisa. Aparecendo a oportunidade matou a sogra e a enterrou num buraco que abriu no centro da sala de jantar. Recolocou o piso e o tapete sobre ele, socando o chão com os pés para melhor assentamento. Dez minutos depois chegou a Polícia e o prendeu. Caramba, disse o matador. Vi na televisão que vocês levaram vinte e cinco anos para descobrir o corpo daquela mulher enterrada na sala da própria casa.
“É verdade”, disse o Policial. “Só que aquele assassino morava em casa térrea e não no quinto andar como você. O corpo da sua sogra acaba de cair na cabeça dos moradores do apartamento de baixo enquanto jantavam”.
Há a história de uma jovem nora que desejando matar sua sogra pediu ajuda ao Mulá Nasrudin, sábio e plantador de ervas.
– Mestre, o senhor precisa me ajudar. Não agüento mais. Ela é muito chata. Intrometida. Palpiteira. Não faz nada para agradar. Está sempre emburrada. Coloca defeito em tudo. Vai acabar com o meu casamento. E antes que isso aconteça quero matá-la e para isso preciso de sua ajuda.
O mestre foi ao quintal e voltou com um feixe de plantas.
– Leve esta erva. Vá colocando aos poucos em sua comida. Entretanto para que ninguém desconfie da sua autoria faça pratos e doces saborosos e a trate com respeito e carinho para que ninguém perceba a sua intenção.
Assim foi feito. Cada dia um prato diferente. Um doce. Um bolo. Um presentinho. Demonstração de afeto, carinho e bom relacionamento. A sogra por sua vez mudou de comportamento. Passou a tratar a nora como verdadeira filha, costurando-lhe maravilhosos vestidos. O lar se encheu de felicidade e harmonia. Só havia amor entre elas.
De repente, a nora percebeu que a qualquer momento o veneno faria efeito e estaria matando uma pessoa que ela passou a querer como verdadeira mãe. Procurou o plantador de ervas e lhe pediu um antídoto, pois não queria que a sua sogra, agora querida, viesse a morrer. Nasrudin lhe disse:
– A erva que lhe dei não é venenosa. É um fortificante. Faz bem para a saúde. Serviu principalmente para tirar o veneno que havia na cabeça de vocês duas!