Bom dia.
"A omissão e a simplificação ajudam-nos a compreender, mas ajudam-nos, em muitos casos, a compreender defeituosamente; porque a nossa compreensão pode ser só a compreensão das noções nitidamente formuladas por quem abrevia e não a da realidade vasta e ramificada, a partir da qual tais noções foram abstraídas, de modo tão arbitrário. Mas a vida é curta e o conhecimento ilimitado: ninguém tem tempo para tudo." (Hilda Orquídea Hartmann Lontra).
XXI Encontro Nacional da Anpoll – Domínios do saber: história, instituições, práticas.
A Anpoll, Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Lingüística, realiza, a cada dois anos, um encontro dos pesquisadores dos diversos Grupos de Trabalho (G.T). Em 2006, o evento teve a PUC-SP como local.
O XXI Encontro Nacional da Anpoll tem como objetivo possibilitar ampla discussão acadêmica, científica e epistemológica a respeito dos domínios do saber em Lingüística e Letras e promover o intercâmbio das pesquisas desenvolvidas pelos Grupos de Trabalho, congregados pela Anpoll. Vamos nos ater ao G.T. 17, Literatura Infantil e Leitura, do qual participo, juntamente com a Dra. Nelyse Ap. M. Salzedas (UNESP-Bauru) e outros pesquisadores de diversos pontos do país. Dra. Nelyse apresentou a pesquisa: Diálogo entre a ilustração e a linguagem jornalística; Dra. Maria Luiza: Auto-retrato roubado: o ser ou não ser de Rochelli Costa. Eu coloquei em discussão a pesquisa: A argumentatividade implícita em O Pequeno Príncipe. Deixaram-me extremamente feliz as observações da Dra. Maria José Palo, professora da PUC há 33 anos: "Terezinha, parabéns pelo trabalho coeso, profundo e de grande valor acadêmico". Dra. Maria José apresentou a pesquisa: A ilustração e as idades de leitura no texto literário infantil, em que discute a leitura e a importância da palavra x imagem. O evento transcorreu de 19 a 21 de julho de 2006, em São Paulo, PUC, como já o dissemos. Na noite do dia 20, realizou-se, no Clube Homs, Avenida Paulista, o lançamento da Revista da Anpoll e de livros de pesquisadores e um finíssimo coquetel de confraternização. Destacamos os lançamentos de livros do G.T.: 1 – Maria Zaira Turchi, Vera M. Tietzmann. Leitor formado, leitor em formação: leitura literária em questão. São Paulo: Cultura Acadêmica; Assis, SP: ANEP, 2006.
Maria Zaira Turchi (coordenadora no biênio 2004/2006) João Luís C. T. Ceccantini (coordenador do G.T. no biênio 2006/2008).
2 – Hilda Lontra, (organizadora). História de leitores. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2006.
Hilda, a você, minha especial amiga, um grande beijo no coração e todo o respeito e admiração que lhe dedico. P A R A B É N S à comissão organizadora da Anpoll 2006.
CANÇÕES DE NINAR NO BRASIL: vamos refletir um pouco? (autor desconhecido).
“Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de careta…”
Como explicar para uma criança inocente que a música é uma ameaça?!?…
Algo como “dorme logo, senão o boi vem te comer”! Como explicar que eu estava tentando fazer com que ela dormisse com uma música que incita um bovino a pegar uma menina inocente? Então, comecei a pensar em outras canções infantis, pois não me sinto
bem ameaçando, toda noite, uma criança com um temível boi…
Que tal, “nana neném que a cuca vem pegar”?…
Caramba!… Outra ameaça! Agora com um ser ainda mais maligno que um boi preto!
Depois de uma frustrante busca por uma canção infantil do folclore brasileiro (que fosse positiva), e de uma longa reflexão, descobri toda a origem dos problemas do Brasil.
O problema do Brasil é que a sua população em geral tem uma auto-estima muito baixa. Isso faz com que os brasileiros se sintam sempre inferiores e ameaçados, passivos o suficiente para aceitar qualquer tipo de extorsão e exploração, seja interna ou externa.
Por que isso acontece? Trauma de infância!!! Trauma causado pelas canções da infância!!! Vou explicar: nós somos ameaçados, amedrontados e encaramos tragédias desde o berço! Por isso levamos tanta pancada da vida e ficamos quietos.
Exemplificarei minha tese:
Atirei o pau no gato-to-to mas o gato-to-to não morreu-reu-reu Dona Chica-ca-ca admirou-se-se Do berrô, do berrô que o gato deu Miaaau!
Para começar, esse clássico do cancioneiro infantil é uma demonstração clara de falta de respeito aos animais e crueldade. Por que atirar o pau no gato, uma criatura indefesa? E para acentuar a gravidade, ainda relata o sadismo dessa mulher sob a alcunha de “D.Chica “. Uma vergonha!!!
Eu sou pobre, pobre, pobre, De marré, marré, marré.
Eu sou pobre, pobre, pobre, De marré de si.
Eu sou rica, rica, rica, De marré, marré, marré.
Eu sou rica, rica, rica, De marré de si.
Colocar a realidade tão vergonhosa da desigualdade social em versos tão doces! É impossível não lembrar do seu amiguinho rico da infância, com um carrinho fabuloso, de controle remoto, e você brincando com seu carrinho de plástico… Fala sério!!!
Marcha soldado, cabeça de papel!
Quem não marchar direito, Vai preso pro quartel.
De novo, ameaça! Ou obedece ou você se estrepa! Não é à toa que o brasileiro admite tudo de cabeça baixa…
A canoa virou, Quem deixou ela virar, Foi por causa do (fulano/a) Que não soube remar.
Ao invés de incentivar o trabalho de equipe e o apoio mútuo, as crianças brasileiras são ensinadas a dedurar e a condenar um semelhante!
Samba-lelê tá doente, Tá com a cabeça quebrada.
Samba-lelê precisava É de umas boas palmadas.
A pessoa, conhecida como Samba-lelê, encontra-se com a saúde debilitada e necessita de cuidados médicos. Mas, ao invés de compaixão e apoio, a música diz que ela precisa de palmadas!
E tem mais…
O anel que tu me deste era vidro e se quebrou.
O amor que tu me tinhas Era pouco e se acabou…
O cravo brigou com a rosa debaixo de uma sacada;
O cravo saiu ferido E a rosa despedaçada.
O cravo ficou doente, A rosa foi visitar;
O cravo teve um desmaio, A rosa pôs-se a chorar.
Desgraça, desgraça, desgraça!… E ainda incita à violência conjugal.
Nossos filhos merecem um futuro melhor!
"O coração é seu, mas o rosto é do irmão: sorria, que a vida vale a pena".
Até a próxima semana – celp@terra.com.br