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A moto do Fonseca

João Baptista Galhardo

Numa noite escura e de temporal, o sr. Manuel na beira de uma estrada secundária mal-iluminada aguardava carona. Nenhum carro passava, e a tempestade estava tão furiosa que ele não conseguia ver dois palmos à frente do nariz.

Subitamente, Manuel vê um carro aproximar-se dele e parar. Radiante, saltou de imediato para dentro do carro, fechando a porta atrás de si. Aterrorizado percebeu que não havia ninguém no assento do condutor.

O carro reiniciou a marcha, lentamente. Manuel olha para a estrada e vê que uma curva se aproxima. O carro dirige-se para ela perigosamente.

Desesperado e ainda mal refeito do choque de se encontrar num carro-fantasma, Manuel começa a rezar fervorosamente para que a sua vida seja poupada.

Quando a curva se encontra a alguns metros do carro, uma mão surge da janela do carro e move o volante.

Manuel, paralisado de medo, continua a observar as constantes aparições da mão, antes de cada curva do caminho. Até que, reunindo forças que ainda possuía, salta do carro em andamento lento e corre para a cidade mais próxima.

Cansado, encharcado e em estado de choque, entra num bar, onde de imediato toma dois copos de cachaça, relatando debilmente o que lhe havia acontecido, perante o olhar estarrecido dos outros clientes.

Meia hora mais tarde, dois homens entram no mesmo local, absolutamente encharcados, exclamando então um para o outro:

– Olha lá! Aquele desgraçado!

– Não é o retardado que entrou no nosso carro quando a gente estava empurrando?

– *#%*&+@****

Um outro cara, o Fonseca, amante de motos, juntou dinheiro por algum tempo e comprou uma Harley.

Conseguiu bom preço porque tinha um defeito de fábrica. A moto não havia passado pelo último estágio de secagem da tinta. Não podia de jeito algum molhar sob pena de manchas e rugas imediatas. Daí o abatimento.

O vendedor aconselhou:

– Se estiver ameaçando chover, passe um pouco de lubrificante na moto que a pintura será preservada, sem problemas. De preferência vaselina.

Sem pensar duas vezes, passou na farmácia, se preveniu comprando a vaselina e guardou no bolso. À noite foi para a casa da namorada deixando a moto na rua.

Antes de iniciar o jantar onde estavam presentes os pais e a avó, a namorada foi avisando:

– Querido, depois do jantar não fale nada, não abra a boca, porque na minha casa é norma “terminada a refeição quem falar primeiro qualquer coisa, limpa a cozinha e lava a louça. Lembra da brincadeira da “vaca amarela?”.

– Tudo bem. Após o jantar, todos quietos.

Começou a relampejar. “E agora? A moto lá fora e eu não posso falar nada?”. Teve uma idéia. Agarrou a namorada e deu-lhe um beijo ardente, na frente dos pais dela, na esperança de que alguém protestasse. Ninguém falou nada! E dá-lhe relâmpago. E ele louco para sair e passar o lubrificante no veículo para não estragar a pintura. Agarrou a moça de novo e na própria mesa teve com ela relações sexuais. Ninguém falou nada. Ia começar a chover a qualquer momento. Não teve dúvida. Fez o mesmo com a mãe da namorada. Ninguém falou nada. Repetiu a cena com a avó. E o mesmo silêncio. Quando ouviu os primeiros pingos da chuva caindo lá fora, não teve dúvidas. Levantou-se rapidamente, tirou a vaselina do bolso… Foi quando o sogro, assustado, disse:

– Pode parar. Fique aí sentado. Eu lavo a louça!!!

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