A Cultura em Diálogo

Só terá boa colheita quem anteriormente semeou boa semente“.

Bom dia. Férias. Você tem mais tempo para ler um bom jornal, como o JA, por exemplo. Então vamos falar de amenidades, que façam você pensar em coisas leves, mas que tenham uma função positiva em seu pensamento, em seus atos e na sua própria vida.

Leia com atenção o texto abaixo.

Vejam só o que alguns vestibulandos foram capazes de escrever, na prova de redação, dado o tema: “A TV forma, informa ou deforma?”

ATENÇÃO: os 15 pensamentos abaixo transcritos não são da Profª. Terezinha. Observe os negritos:

1) “A TV possui um grau elevadíssimo de informações que nos enriquece de uma maneira pobre, pois se tornamos uns viciados deste veículo de comunicação”.

2) “A TV no entanto é um consumo que devemos consumir para nossa formação, informação e deformação“.

3) “A TV deforma não só os sofás por motivo da pessoa ficar bastante tempo intertida como também as vistas”.

4) “A televisão passa para as pessoas que a vida é um conto de fábulas e com isso fabrica muitas cabeças“.

5) “Sempre ou quase sempre a TV está mais perto de nosco… Fazendo com que o telespectador solte o seu lado obscuro“.

6) “A TV deforma a coluna, os músculos e o organismo em geral”.

7) “A televisão é um meio de comunicação, audição e porque não dizer de locomoção“.

8) “A TV é o oxigênio que forma nossas idéias“.

9) “…por isso é que podemos dizer que esse meio de transporte é capaz de informar e deformar os homens”.

10) “A TV ezerce poder, levando informações diárias e porque não dizer horárias“.

11) “Nós estamos nos diluindo a cada dia e não se pode dizer que a TV não tem nada a ver com isso”.

12) “A televisão leva fatos a trilhares de pessoas“.

13) “A TV acomoda aos teles inspectadores“.

14) “A informação fornecida pela TV é pacífica de falhas“.

15) “A televisão pode ser definida como uma faca de trez gumes. Ela tanto pode formar, como informar, como deformar”.

Vestibulandos, hein??!! E quantas faculdades particulares proliferando por aí. Crime cultural.

Talvez, continuando a assistir ao Big Brother 6, eles possam adquirir um pouco mais de cultura. O que você acha, amigo (a) leitor?

Incrível o que se pode redigir com tantas letras e nenhum conteúdo.

Tenho o prazer de conhecer dois escritores, autores da obra “De onde você veio?”, Leiamos uma breve entrevista:

Profª. Terezinha – Liliana, você é brasileira descendente de italianos; Michele, você é italiano e mora no Brasil desde 1964. Como essa mistura de nacionalidades e culturas, que é o tema do livro “De onde você veio?”, reflete-se na vida e no trabalho de vocês?

Liliana: Eu sou paulistana, da Mooca, um bairro que sempre foi reduto de imigrantes. Cresci convivendo com essa mistura de culturas e acho fantástico. Tudo isso acabou sendo determinante na minha formação, que considero privilegiada. É como se eu tivesse ganho um pouco de cada parte do mundo. E para passar adiante esse “presente” é que surgiu a idéia do livro.

Michele: Exatamente por ser estrangeiro, eu sinto uma ligação muito forte com o Brasil. Quer dizer, eu me sinto “mais um deles”, num universo muito mais amplo e colorido. O livro para nós é um pouco a expressão disso e uma tentativa de contar para as crianças esta nossa história, que é também a história delas.

P. T. – Logo nas primeiras páginas do livro, surge a pergunta: “O que quer dizer ser brasileiro?”. De que forma vocês imaginam que o livro ajudará o leitor a respondê-la?

Liliana e Michele: As indagações são costumeiras em nosso trabalho. Acreditamos estimular com isso a reflexão, o hábito de repensar e a discussão. O que quer dizer ser brasileiro? É ter um país, uma identidade, uma cultura, ser cidadão e ter consciência disso tudo.

P. T. – Outra pergunta feita ao longo do livro sempre rende polêmicas: “No Brasil existe discriminação racial?”. Qual a opinião de vocês e por quê?

Liliana e Michele: Sem dúvida nenhuma. De forma declarada, disfarçada ou camuflada, a discriminação existe para uma grande maioria. O que observamos é que tais comportamentos são passados de pais para filhos, e a criança e o jovem repetem o modelo, muitas vezes, sem se dar conta. O livro é um convite para o entendimento e a tolerância, em oposição ao absurdo da discriminação, que gera todo tipo de violência.

P. T. – As ilustrações de Michele acompanham o texto com humor também crítico. O humor é um aliado importante da reflexão sobre problemas sérios?

Michele: Claro, porque o humor é síntese. É uma forma de “mostrar”, mais do que explicar. É a máquina desmontada, o rei nu.

P. T. – Que aspectos da cultura brasileira vocês mais admiram?

Liliana e Michele: Para nós, a música é a expressão que mais reflete essa riqueza e essa diversidade. Ela veio um pouco de todos os lugares e está presente em todos os espaços, acompanha e dá ritmo ao cotidiano do brasileiro.

P. T. – Que problemas contribuem para impedir que o brasileiro aproveite melhor sua cultura miscigenada e que atitudes ajudariam a superar preconceitos em relação a essa miscigenação?

Liliana e Michele: De uma forma ou de outra, continuamos sendo colonizados, pela indústria do consumo, que faz de tudo para um produto ser vendido. Tanto faz um tênis da moda ou uma manifestação artística. Os jovens que acabam sendo influenciados por isso abrem mão da própria identidade. Por que não se respeitar um pouco mais, aprender a ter discernimento e opção de escolha?

P. T. – Como vocês imaginam que o livro deva ser trabalhado em sala de aula?

Liliana: De forma aberta, estimulando o debate, a opinião, a discussão e a troca. Para que surjam novas idéias a partir da história contada, para que os verdadeiros valores sejam reconhecidos, dentro de uma proposta de convivência harmoniosa e tolerante, valorizando a diversidade.

P. T. – O que os pais devem fazer para que seus filhos cresçam aceitando as diferenças culturais que encontrarão nas ruas?

Liliana e Michele: Respeitar a si mesmo como indivíduos, cidadãos e pais. E passar isso para os filhos. E, ao mesmo tempo, permitir que os próprios filhos levantem questões, apontem saídas ou soluções. Na esperança de que ser isto ou aquilo, desta ou daquela cor, de um credo ou de outro passe a não ter importância nenhuma nas relações.

P. T. – Como vocês reagem, no dia-a-dia, quando presenciam algum ato de racismo ou preconceito?

Liliana e Michele: Com indignação e perplexidade. Acontece que nem sempre esses atos são claros, eles aparecem no linguajar das pessoas, nas piadinhas, em programas da TV e até nos gestos mais imperceptíveis. Até que ponto esse mal está enraizado na nossa cultura? Nas conversas com nossos leitores discutimos muito o assunto.

Conversar com pessoas cultas é uma outra coisa…

“Se cada um tivesse somente aquilo de que necessita, ninguém sentiria falta, e todos viveriam contentes”.

Se desejarem fazer contato – celp@terra. Com. Br

Até a próxima semana.

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