No “intervalo” manifesta-se a Vida. Vale a pensa refletir sobre a sua dimensão.
A verdadeira beleza não está na coisa em si. Os discursos das peças de Masterlink exprimiam o seu espírito através de pausa existente entre uma palavra e outra. Em todas as coisas, a beleza verdadeira está muito mais no “intervalo” que as une, do que nelas em si. Cada fonema isoladamente não é tão belo, mas quando ele se liga a outros fonemas, nasce na “pausa” entre eles uma beleza espetacular.
O mesmo acontece com as cores. Quando duas ou mais cores se combinam, nasce uma beleza que não existe em cada uma delas, separadamente. A música está na “pausa”, a arte plástica está na “pausa”, a vida do homem está na “pausa”. Não sei quem inventou a palavra “homem”, em japonês, composta de dois ideogramas: pessoa e intervalo, mas de fato a vida do homem não está em cada indivíduo. Ela está no “intervalo” entre um indivíduo e outro. Os homens que são vistos pelos olhos carnais e percebidos pelos órgãos sensoriais são todos existências isoladas, as quais são existências falsas, sujeitas à desintegração, e não o “homem verdadeiro”. O homem que é a existência real só se manifesta no “intervalo” entre as existências fenomênicas que são apreendidas pelos órgãos sensoriais. Não é através da existência sensível que se enxerga o Jisso; é no “intervalo” entre uma existência sensível e outra que se manifesta o homem-Jisso. O que reproduz esse “intervalo” é a arte, e o que faz viver esse “intervalo” é o “amor”.
De Masaharu Taniguchi – Fundador da Seicho-No-Ie