Eladir Albertini (*)
Passo a passo
A caminhada
Segue em disparada
Olhos vedados
Boca amarrada
Os sabores desprezados
Não provados
Esquecidos
As cores, as luzas, o brilho
Partidos
Segue avante
Destruído
Afetos e desafetos
Como gravetos ao chão
Ou folhas amareladas
Assustadas…
Que ao vento se vão
As lembranças passadas
E as novas lembranças, são guardadas
No porão da imaginação
Fantasias inacabadas
Há muito desfiguradas
Não encontram vibração
Sentimentos inertes
Na aparência, tranqüilos e férteis
No âmago um vulcão
Cratera fechada
A lava incandescente
Prestes a expandir
Sair…explodir
Molhar o solo e queimar
O coração já não sabe amar
O homem-trem
Não consegue despertar
Sentir, se humanizar
Seus passos vão atropelando
Levando tudo pela frente
E tudo vai passando
A paisagem
O sonho e a ilusão
A coragem,
Passa até a decepção
Percorre os trilhos
Em uma só direção
Desce a ribanceira
Corta o rio, passa a pedreira
Quase descarrila na curva matreira
Não percebe a sinalização
Todo dia o mesmo passo
O mesmo proceder
O homem-trem aprendeu a correr
O homem-trem esqueceu de viver
(*) É pedagoga e aluna do curso de Psicopedagogia